Jornalistas e colaboradores das agências de checagem de notícias Aos Fatos e Lupa têm sofrido ataques virtuais desde que o Facebook anunciou uma parceria com elas para verificar a veracidade de conteúdo publicado na rede social. Pelo acordo, notícias consideradas falsas pelas agências não poderão ser impulsionadas no Facebook e as páginas que publicarem com frequência esses conteúdos não terão mais a opção de usar anúncios para construir suas audiências.
Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou os ataques e manifestou apoio aos profissionais atingidos pelas mensagens ofensivas disseminadas pelo próprio Facebook, pelo Twitter e pelo Whatsapp.
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“Por meio de vídeos e montagens de imagens, páginas e pessoas públicas classificam a iniciativa de checagem como ‘tentativa de censura da direita’, atribuindo às agências e a profissionais que as compõem o rótulo de ‘esquerdistas’. Os conteúdos e falas incitam o público a ‘reagir’”, ressalta a Abraji.
Além disso, perfis pessoais de colaboradores dos veículos em redes sociais têm sido vasculhados e expostos em montagens para acusá-los de atuar a serviço de uma ideologia. Fotos de cônjuges e pessoas próximas aos profissionais também foram disseminadas junto a afirmações falsas e ofensivas.
“Para a Abraji, a crítica ao trabalho da imprensa é válida e necessária. Ao incitar, endossar ou praticar discurso de ódio contra jornalistas, porém, aqueles que reprovam as iniciativas de checagem promovem exatamente o que dizem combater: o impedimento à livre circulação de informações”, diz a associação em seu comunicado.
A parceria entre o Facebook, a Lupa e o Aos Fatos não envolve a retirada de conteúdos do Facebook ou impedimento de publicação, como alegam os autores dos ataques virtuais. “Os critérios de checagem das agências são públicos e atendem aos requisitos da International Fact Checking Network (IFCN) – um dos quais é o apartidarismo. A IFCN é parte do Poynter Institute, um dos mais renomados centros de formação e aprimoramento do jornalismo”, ressalta a entidade.
PublicidadeAs duas agências de verificação terão acesso às notícias denunciadas como falsas pela comunidade no Facebook para analisar sua veracidade. Aqueles conteúdos classificados como falsos terão sua distribuição orgânica reduzida de forma significativa no Feed de Notícias. Já as páginas no Facebook que repetidamente compartilharem notícias falsas terão todo o seu alcance diminuído.
De acordo com a parceria, o Facebook enviará notificações para pessoas e administradores de páginas que tentarem compartilhar esse conteúdo, alertando-os que a sua veracidade foi questionada por agências de verificação.
As duas agências poderão também associar sua checagem a uma notícia questionada. A informação que sair dessa checagem será mostrada no Feed de Notícias por meio do recurso Artigos Relacionados.