Organizadores calculam que mais de 100 mil pessoas participaram da manifestação do Grito dos Excluídos, realizada nessa quinta-feira (7) em todo o país, simultaneamente aos desfiles militares. As lideranças aproveitaram o momento eleitoral para atacar a corrupção na política, mas sem especificar candidatos, governos ou partidos.
Os protestos tiveram como foco a desigualdade social, o modelo econômico do país e, principalmente, a corrupção na política. Em São Paulo, a concentração aconteceu na Praça da Sé, onde cerca de mil pessoas assistiram a uma missa e depois seguiram em marcha para o Museu do Ipiranga.
Durante a missa, o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Cláudio Hummes, condenou a corrupção e pediu que a população não vote em corruptos. "A gente não deve votar em corruptos, como as denúncias dos mensaleiros e sanguessugas. A gente deve votar em gente honesta", afirmou o cardeal.
Dom Cláudio também criticou a política de segurança em São Paulo. O cardeal disse que há algo de errado em um Estado que "precisa construir uma cadeia por mês" e que é preciso "humanizar as cadeias".
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No Rio de Janeiro, os participantes da marcha pediram a construção de escolas, moradias, melhorias nos serviços de saúde e redução da violência. Os representantes de movimentos sociais presentes foram divididos em seis alas para representar as principais reivindicações da população. A luta pela reestatização da Companhia Vale do Rio Doce, que foi privatizada em 1996, foi um dos destaques da edição carioca do Grito dos Excluídos este ano.
Em Curitiba, os manifestantes entraram no desfile oficial e para dar o "grito" em favor do emprego, da moradia, da saúde e de melhores condições de vida. A marcha também enfocou o combate aos produtos transgênicos.
No Ceará, o Grito dos Excluídos levou mais de 10 mil pessoas às ruas para protestar. Já em Porto Alegre e mais nove cidades do Rio Grande do Sul, outras 10 mil pessoas marcaram as manifestações.
O primeiro Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995 com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano, que tinha como lema "Eras tu, Senhor". Quatro anos depois, o Grito deixou de ser uma manifestação unicamente brasileira e estendeu-se para mais de 23 países da América, com o nome de Grito dos Excluídos Continental, realizado sempre no dia 12 de outubro.