O jornalista Glenn Greenwald, editor do The Intercept, confirmou presença em uma audiência pública na Câmara dos Deputados na próxima terça-feira (25), às 15h, a respeito das revelações feitas pelo site sobre conversas entre o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, e a força-tarefa da operação Lava Jato, na época em que o ministro era o magistrado que julgava os processos decorrentes da investigação.
Greenwald falará na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), atendendo a um convite dos deputados Camilo Capiberibe (PSB-AP), Carlos Veras (PT-PE), Márcio Jerry (PCdoB-MA) e Túlio Gadelha (PDT-PE). Os paramentares afirmaram, no pedido para chamar o jornalista, que os “direitos dos cidadãos objeto da Operação Lava-Jato, particularmente do cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, foram violados sistematicamente” durante a operação, e que as reportagens do Intercept “jogam dúvidas contundentes sobre a imparcialidade na atuação do juiz Sérgio Moro e de outros juízes e procuradores”.
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“Essa comissão precisa dirimir dúvidas sobre a veracidade das denúncias e o conteúdo do material coletado pelo jornalista, que demostram grave violação dos princípios do devido processo legal sem qualquer tipo de distinção, evidenciando a atuação parcial e política de um poder que deveria ser neutro”, diz um trecho do convite aprovado na semana passada.
Outra comissão da Câmara, a de Segurança Pública, também fez um convite a Greenwald, mas com o viés oposto: inquirir o jornalista sobre a maneira como o site obteve as mensagens trocadas entre Moro e o procurador federal Deltan Dallagnol. Até o momento, o jornalista não respondeu a este chamado, o que provocou protestos do autor do requerimento, deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). A audiência será conjunta.
“Após meu convite, alguns parlamentares da esquerda também convidaram, e espalharam a mentira de que eu havia recuado. Normal para eles agir na mentira. Agora, querem encher a comissão da matula esquerdista para terem voz. Vamos lotar também, quero ver no que dá”, escreveu o parlamentar no Twitter.
O pedido de convite desta comissão afirma que o Intercept “vazou irregularmente informações extraídas de igual forma criminosa dos dispositivos de telefonia” de Moro e Dallagnol, e faz alusão a notícias de que o celular do ministro teria sido clonado.
Em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na semana passada, Moro disse que recebeu três ligações de seu próprio número, o que indicaria clonagem, e que já encaminhou o aparelho à Polícia Federal (PF) para investigações.
“Os dados podem ter sido não só extraídos e veiculados ao arrepio da Lei, mas tendo também alterado o seu conteúdo, o que sem sombra de dúvidas nos remete a pratica de crime ainda maior”, afirma Silveira em seu requerimento.
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