Relatório sigiloso da Corregedoria da Câmara, elaborado logo no início do escândalo, aponta veementes indícios de envolvimento de 40 parlamentares com a máfia dos sanguessugas, revela reportagem de O Globo. No documento constam gravações de conversas sobre emendas, acertos de pagamento de propina e contas bancárias de parlamentares supostamente abastecidas com dinheiro da máfia.
As indicações de fraude deixaram estarrecidos o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), e o relator da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO). Os dois tomaram conhecimento do relatório na sexta-feira e, imediatamente, decidiram requisitar uma cópia dos papéis, segundo o repórter Jailton de Oliveira.
Entre os nomes citados no documento estão os dos deputados Nilton Capixaba (PTB-RO), Reginaldo Germano (PFL-BA) e João Caldas (PL-AL). O relatório está sendo guardado a sete chaves na Corregedoria da Câmara e na Procuradoria Geral da República, para onde foi enviado no início do mês.
O relatório é a peça mais devastadora produzida sobre o relacionamento de parlamentares com o grupo do empresário Darci José Vedoin, apontado pela polícia como o chefe dos sanguessugas.
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Num dos diálogos gravados pela Polícia Federal com autorização judicial, um dos chefes da máfia pede calma ao deputado. O empresário diz que o dinheiro dele e de outros parlamentares amigos da organização seria liberado logo. A partir daí, os investigadores revisaram os livros-caixas e constataram que o empresário teria, de fato, cumprido a promessa. Os investigadores fizeram ainda um quadro comparativo entre as emendas apresentadas pelos parlamentares citados e as licitações vencidas pela Planam ou pelas demais empresas de Darci Vedoín. Descobriram-se coincidências entre os parlamentares citados e as fraudes nas compras de ambulâncias.
Com base neste levantamento, o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, pediu ao STF a abertura de 15 inquéritos contra 15 deputados. Esta semana, o procurador deve encaminhar ao STF novos pedidos de abertura de inquérito contra outros parlamentares citados na lista da Corregedoria.