A autoria do grampo de uma conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) teria sido feito por um servidor da Agência Brasileira de Inteligência. De acordo com reportagem publicada hoje pelo jornal O Globo, o responsável é o presidente da Associação dos Servidores da Abin (Asbin), Nery Kluwe. A informação, segundo a publicação, foi dita pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, a funcionários do órgão durante reunião na última quinta-feira (13).
Kluwe, segundo o jornal, lidera uma campanha interna para tirar o delegado federal Paulo Lacerda do comando da instituição. Entretanto, a instituição, em nota oficial, nega que o presidente da Asbin tenha sido o autor dos grampos e que a investigação ainda está em curso. De acordo com a reportagem, outras três pessoas estão na mira da comissão que investiga o caso na Abin, todas com desavenças com Paulo Lacerda. Apesar de ter conseguido aumento salarial para os servidores, Lacerda desagradou parte da instituição ao criar uma corregedoria. A O Globo, Kluwe negou que tenha qualquer participação no fato.
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Satiagraha
A investigação começou após a Operação Satiagraha ter prendido o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta em julho. O delegado responsável pelo caso, Protógenes Queiroz, é acusado de ter usado indevidamente servidores da Abin no inquérito. De acordo com O Globo, ele teria dito, em reunião tensa na cúpula da Polícia Federal, em 14 de julho, que não revelou a superiores informações sobre a Satiagraha por medo de um vazamento.
"Se fôssemos surpreendidos com HC (habeas corpus a favor dos acusados" no dia seguinte (dia da operação), com cópia da decisão, acredito que o Departamento de Polícia Federal ficaria em maus lençóis. E o juiz nunca iria acreditar que não fomos nós que tínhamos repassado a cópia. Foi para preservar o Departamento de Polícia Federal", afirmou Protógenes, de acordo com o jornal. (Mário Coelho)
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