O presidente Lula convocou hoje (7) o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, ao Palácio do Planalto para examinar um plano de contingência do controle de tráfego aéreo no país. De acordo com a o portal G1, com informações da Agência Reuters, o Governo decidiu duplicar os equipamentos de comunicação e controle de vôo.
Além da contratação e treinamento de mais controladores, civis e militares. Duas fontes do governo, uma delas da área militar, disseram à Reuters hoje que Lula decidiu manter na esfera do Ministério da Defesa e do Comando da Aeronáutica a gestão da crise do tráfego aéreo, também chamada de “apagão aéreo”.
Segundo as fontes da Reuters, a primeira medida adotada será a aquisição de quatro equipamentos de comunicação semelhantes ao que falhou na última terça-feira (5), paralisando o centro de controle Cindacta 1 (Brasília).
Cada equipamento desse tipo custa cerca de 2,5 milhões de dólares. O plano da Aeronáutica descarta a implantação de novos centros de controle, além dos quatro Cindactas em operação (Brasília, Curitiba, Pernambuco e Manaus).
"O plano é reforçar os ‘back ups [reservas]’, de maneira que haja sempre dois sistemas em condições de operar, caso haja falhas", disse a fonte da Reuters. Ainda de acordo com reportagem do G1, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, foram encarregados de garantir recursos para a compra dos equipamentos.
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O presidente Lula determinou que a crise seja tratada como "questão técnica", priorizando a segurança dos passageiros, segundo as fontes. "O presidente não aceita que a crise seja artificialmente politizada", disse um auxiliar direto do presidente.
Dilma negou que tenha recebido a atribuição de chefiar um "gabinete de crise" do setor aéreo. "Nunca ouvi falar disso, o presidente não me deu essa missão", disse a sua assessoria.
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Ministro da Defesa se reúne com deputados
O ministro da Defesa, Waldir Pires, afirmou hoje (7), em uma reunião de duas horas em seu gabinete com uma comissão de deputados, que a pane aérea ocorrida na última terça-feira (5) foi causada pela ausência no país de um técnico especializado no sistema de comunicação de rádio do Cindacta 1, em Brasília.
De acordo com os parlamentares, o ministro disse que, se houvesse um técnico no momento da falha do equipamento, o caos nos aeroportos teria sido evitado.
Segundo reportagem de Leandro Colon, do portal G1, Waldir Pires também garantiu aos deputados que não houve sabotagem dos controladores de vôo. "Ele disse que houve três panes, mas que não há um técnico especializado no Brasil. Por coincidência, um técnico, que é francês, estava em Manaus, e foi chamado", afirmou o deputado Carlos Willian (PTC-MG), relator da comissão especial criada pela Câmara para discutir o assunto.
"O ministro disse que esse tipo de incidente é perfeitamente normal. Faltou um assistente que deveria estar ao lado do equipamento", declarou o deputado Alberto Fraga (PFL-DF). Segundo os deputados, o ministro prometeu solucionar o problema nos próximos dias, possivelmente, com a contratação desse tipo de suporte. "O ministro falou que vai solucionar o problema", afirmou Carlos Willian.
Ainda de acordo com o G1, os deputados saíram preocupados do encontro com o ministro porque não existe uma perspectiva de que haja uma solução a curto prazo para o problema. "Se acontecer outro problema técnico, será outro caos, paralisa", disse o relator da comissão. "O sistema foi atingido na essência. Os consumidores querem pontualidade e segurança", ressaltou o deputado Alceu Collares (PDT-RS), presidente da comissão.
"Não tenho dúvida que a questão é salarial. As responsabilidades precisam ser divididas. A Aeronáutica é uma caixa preta", ressaltou o deputado Alberto Fraga.
Lula cria "gabinete" para resolver crise aérea
O presidente Lula criou um “gabinete de crise”, sob o comando da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para centralizar informações e medidas necessárias para tentar resolver a nova crise do sistema de tráfego aéreo do país. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), às 18h de ontem (6), 122 vôos (de um total de 1.184) foram cancelados em todo o país. Além disso, outros 436 tiveram atraso acima de uma hora.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, nessa quarta-feira, Dilma se reuniu com o presidente e, logo em seguida, com ministros de diversas áreas para preparar medidas de combate à crise.
Na reunião, a orientação de Lula para a ministra foi a de que não faltem verbas para descobrir logo as causas do problema e criar um pacote de soluções. O pacote deverá incluir, pelo menos, um “back-up” duplicado para a central de rádio, com Brasília cobrindo automaticamente São Paulo e vice-versa, além de um controle mais sofisticado para que interferências externas não prejudiquem as comunicações.
O “gabinete da crise” será uma intervenção do governo na situação até que sejam formalmente substituídos o ministro da Defesa, Waldir Pires, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix. Para o presidente, os três perderam o controle da situação.
De qualquer forma, na avaliação da diretora da Anac, Denise Abreu, a situação dos vôos deve se normalizar a partir de hoje (7), mas não há garantias de que novos problemas não possam ocorrer neste fim de ano.