Edson Sardinha
O presidente Lula disse hoje (8) que o governo brasileiro fará todos os esforços para que sejam encontrados os 228 corpos de passageiros e tripulantes que estavam a bordo do voo AF 447, da Air France, que caiu no oceano Atlântico no último dia 31, quando voava do Rio para Paris. De acordo com autoridades da Aeronáutica e Marinha, 17 corpos foram resgatados até o momento numa região localizada a 1.166 quilômetros de distância de Recife (leia mais).
“O governo vai continuar fazendo o esforço, através da Marinha, através da Aeronáutica, para que a gente possa encontrar, se possível, todos os corpos, porque nós sabemos o que significa para uma família receber o seu ente querido desaparecido. Por isso, nós vamos fazer todo o esforço que estiver ao nosso alcance, com a Aeronáutica, com a Marinha para encontrarmos, sabe, tudo que for possível encontrar. E, principalmente, os corpos, porque nesse momento de dor não vai resolver o problema, mas já é um conforto imenso para a família, sabe, saber que está enterrando o seu ente querido”, disse Lula no Café com o Presidente.
América Central
Em seu programa semanal de rádio, Lula fez um balanço da visita que fez semana passada à América Central. O presidente destacou a importância da posse de seu colega Maurício Funes na presidência de El Salvador e a maior integração da economia brasileira com a Guatemala e a Costa Rica. E saudou a decisão da Organização dos Estados Americanos (OEA) de revogar uma resolução de 1962 que expulsou Cuba da entidade. A revogação foi anunciada na última quarta-feira, no encerramento da 39ª Assembleia Geral da organização, em Honduras.
“No fundo, mais uma vez, prevaleceu o consenso e nós conseguimos construir uma proposta que atendeu aos interesses de todo mundo. Agora, se os cubanos vão entrar ou não é outra história. Até agora não tem sinal de que os cubanos queiram voltar a OEA. Mas, de qualquer forma, a porta e as janelas estão abertas para os nossos amigos cubanos”, declarou Lula.
Confira a íntegra do Café com o Presidente:
“Apresentador: Olá, você em todo o Brasil, eu sou Luciano Seixas e começa agora, o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Olá presidente, como vai, tudo bem?
Presidente: Tudo bem, Luciano.
Apresentador: Presidente, o senhor retornou de um roteiro pela América Central, passando por El Salvador, Guatemala e Costa Rica, que balanço o senhor faz desses contatos?
Presidente: Primeiro, Luciano, a minha ida a El Salvador foi para prestigiar a posse do novo presidente Maurício Funes. Todo mundo sabe a relação política que o Maurício tem comigo e que eu tenho com ele. Todo mundo sabe que o Maurício tem uma companheira brasileira, que é a sua esposa, naturalizada salvadorenha, e acho que a vitória do Maurício é mais uma conquista dos setores progressistas da sociedade latino-americana; ou seja, ele derruba pelo menos duas décadas da governança da Arena, que era a parte mais conservadora de El Salvador, e ele, numa campanha extraordinária, ganha as eleições, toma posse e nós, brasileiros, temos que ter consciência que é um avanço para a democracia na América Latina. Eu acho que isso é uma conquista de El Salvador, uma conquista da América Central e uma conquista da América Latina. Depois nós fomos à Guatemala, onde nós temos uma extraordinária parceria na construção de políticas públicas; ou seja, sobretudo, as políticas sociais. Muitas das coisas que nós aplicamos aqui, o presidente Colom está aplicando na Guatemala como o Bolsa Família, como o Restaurante Popular, o Escola Aberta, e nós fomos, lá, não apenas para prestigiar, mas nós fomos lá levar nossos ministros para discutir com os ministros da Guatemala e, ao mesmo tempo, estabelecer uma relação, eu diria, produtiva com eles; ou seja todos estes países têm tratado de livre comércio com os Estados Unidos e é importante que a gente construa parceria, sobretudo, na área do biocombustível, para que a gente possa, através deles, vender o etanol brasileiro aos Estados Unidos. Há muito interesse nesses países, há uma vontade política de estabelecer essa parceria com o Brasil. Nós agora vamos estabelecer relações com os nossos empresários para sabermos da disposição dos nossos empresários de construírem parcerias com os empresários da Guatemala, da Costa Rica, com os empresários de El Salvador, para vermos o que é importante fazer. Um outro dado importante, também, já na Costa Rica, é que há uma possibilidade imensa da exportação da engenharia brasileira, da exportação de serviços para construir estradas, para construir aeroportos, para construir hidrelétricas. E tudo isso interessa ao Brasil. Não só financiar para ajudar ao desenvolvimento desses países, mas porque é sempre uma porta aberta para que o Brasil possa adentrar os Estados Unidos com produtos que são taxados, se forem vendidos diretamente do Brasil.
Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do Presidente Lula. Presidente, a Organização dos Estados Americanos, OEA, tomou uma decisão histórica em favor de Cuba. Na sua avaliação, o que muda a partir dessa decisão?
Presidente: Bem, é importante essa decisão tomada na OEA, porque ela fez um reparo numa decisão tomada pela OEA em 1962. Portanto, há muito tempo Cuba está afastado de participação da OEA, e a decisão foi importante porque foi uma decisão de consenso. Tinham duas posições na OEA. Tinha uma posição dos Estados Unidos, que estava disposto a terminar com a sanção a Cuba e, ao mesmo tempo, exigir, no documento final, palavras que diziam respeito aos direitos humanos e à democracia, e existia uma outra posição de companheiros da Alba, liderados pela Venezuela, pela Bolívia e pela Nicarágua, que queriam que não tivesse nada. Ou seja, uma proposta brasileira de que nós deveríamos, pura e simplesmente, aprovar a decisão de fazer a reparação, de anular aquela decisão de 1962, obrigando Cuba a entrar, na hora em que ela quiser, cumprindo a Carta da OEA. E todo mundo concordou. Para nós foi muito importante, porque isso não implicou numa derrota dos Estados Unidos, isso não implicou numa derrota dos países que fazem parte da Alba; ou seja, no fundo, no fundo, mais uma vez, prevaleceu o consenso e nós conseguimos construir uma proposta que atendeu aos interesses de todo mundo. Agora, se os cubanos vão entrar ou não é outra história. Até agora não tem sinal de que os cubanos queiram voltar a OEA. Mas, de qualquer forma, a porta e as janelas estão abertas para os nossos amigos cubanos.
Apresentador: Muito obrigado presidente Lula e até a próxima semana.
Presidente: Luciano, é importante, antes da nossa despedida aqui, uma palavra de conforto aos familiares das vítimas do avião da Air France. Nós estamos gravando esse programa no domingo à noite, quando já temos a informações de 17 corpos encontrados. O governo vai continuar fazendo o esforço, através da Marinha, através da Aeronáutica, para que a gente possa encontrar, se possível, todos os corpos, porque nós sabemos o que significa para uma família receber o seu ente querido desaparecido. Por isso, nós vamos fazer todo o esforço que estiver ao nosso alcance, com a Aeronáutica, com a Marinha para encontrarmos, sabe, tudo que foi possível encontrar. E, principalmente, os corpos, porque nesse momento de dor não vai resolver o problema, mas já é um conforto imenso para a família, sabe, saber que está enterrando o seu ente querido.
Apresentador: Muito obrigado presidente, e até o próximo programa, então.”