Operação comandada pessoalmente pelo presidente Lula reduziu para 170 o total de deputados favoráveis à prorrogação da CPI dos Correios até abril. Por diferença de apenas uma assinatura, o governo conseguiu no final da noite de ontem derrubar o requerimento que prorrogava por mais quatro meses as atividades da comissão. Na última hora, entre 61 e 64 deputados retiraram o seu apoio ao pedido.
O resultado da operação só vai ser conhecido hoje, quando serão verificadas as assinaturas dos parlamentares. A oposição ainda confia na possibilidade de reverter o quadro e esticar até o ano eleitoral o cerco ao governo Lula, mas já ameaça instalar uma nova comissão de parlamentar de inquérito no Senado caso o governo consiga abreviar os trabalhos da CPI dos Correios.
“O que o governo deu para essa gente retirar as assinaturas? Com certeza muito carinho”, reagiu, com ironia, o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP). Pelo menos oito deputados oposicionistas cederam ao apelo do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP): quatro do PDT, dois do PFL, um do PSDB e um do PV. Entre os governistas, a maior força veio do PMDB. Dos 32 peemedebistas que haviam assinado o requerimento, 21 retiraram o apoio à prorrogação da CPI.
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O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), chegou a ler ontem o ato que prorrogava as investigações da comissão. A CPI só pode ser prorrogada com o apoio de 171 deputados e 27 senadores. Só os deputados retiraram as assinaturas. No Senado foram mantidas as 35 assinaturas. Pela manhã, a oposição comemorava o apoio de 222 deputados ao requerimento.
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o presidente Lula garantiu que o governo não faria nenhuma ação para atrapalhar as investigações. “Nós estamos com três CPIs funcionando. Não há nenhuma ingerência do governo para criar qualquer problema para a CPI. Acho que o povo deve aproveitar que estou na presidência e se alguém tiver denúncias tem que fazer porque elas serão apuradas”, afirmou.
A instalação da CPI dos Correios também foi tensa, mas o governo não conseguiu, na época, retirar o número necessário de assinaturas para barrar as investigações.
Veja abaixo a relação parcial de deputados que retiraram as assinaturas nas últimas horas, de acordo com o blog do jornalista Ricardo Noblat:
PMDB
Ann Pontes (PA)
Alexandre Maia (MG)
Almerinda de Carvalho (RJ)
Cabo Julio (MG)
Carlos Willian (MG)
Gilberto Nascimento (SP)
Jair de Oliveira (ES)
Maria Lúcia Cardoso (MG)
Mauro Benevides (CE)
Mauro Ribeiro Lopes (MG)
Max Rosenmann (PR)
Marcello Siqueira (MG)
Nelson Trad (MS)
Moacir Micheletto (PR)
Osvaldo Biolchi (RS)
Pedro Irujo (BA)
Pedro Novais (MA)
Reinhold Stephanes (PR)
Rose de Freitas (ES)
Takayama (PR)
Wilson João Cignachi (RS)
PTB
Alex Canziani (PR)
Edna Macedo (SP)
Jefferson Campos (SP)
José Chaves (PE)
Josué Bengtson (PA)
Luiz Antonio Fleury Filho (SP)
Nelson Marquezelli (SP)
Milton Cardias (RS)
Pastor Reinaldo (RS)
Ricardo Izar (SP)
PP
Dilceu Sperafico (PR)
Alfonso Hamm (RS)
Nilton Baiano (ES)
Antônio Cruz (MS)
Lino Rossi (MT)
Benedito Dias (AP)
Ronivon Santiago (AC)
Francisco Dornelles (RJ)
Sérgio Caiado (GO)
Feu Rosa (ES)
Érico Ribeiro (RS)
Marcos Abramo (SP)
José Linhares (PP-CE)
PSB
Júlio Delgado (MG)
Pastor Francisco Olímpio (PE)
Marcondes Gadelha (PB)
Edinho Montemor (SP)
PL
Coronel Alves (AP)
Júnior Betão (AC)
Inaldo Leitão (PB)
Inocêncio Oliveira (PE)
PDT
Severiano Alves (BA)
Álvaro Costa Dias (RN)
Maurício Quintella (AL)
Rodolfo Pereira (RR)
PFL
Edmar Moreira (MG)
Joaquim Francisco (PE)
PSDB
Átila Lira (PI)
José Divino (RJ)
PV
Marcelo Ortiz (SP)