Sônia Mossri |
Ainda sob o efeito das eleições municipais, um festival de problemas espera o governo no Congresso. A insatisfação é geral entre os aliados, com destaque para o PMDB. Como sempre, o partido recorre mais uma vez à ameaça de abandonar o governo para tentar arrancar mais cargos, maior participação nas decisões e mais um ministério. Por ironia, o Palácio do Planalto aposta na divisão do PMDB, ou seja, na falta de lideranças que unam o partido, para continuar mantendo a legenda como aliada sem participar de decisões políticas do governo e negociando no varejo a cada votação importante. As negociações dos ministros de Lula com cada um dos cardeais do PMDB é estratégica e considerada ideal. Como admitiu ao Congresso em Foco um dos parlamentares mais ligados ao presidente Lula, a união do PMDB seria um “pesadelo” para o Palácio do Planalto. Leia também Por esse raciocínio, o PMDB, desunido, fica enfraquecido e não tem condições de exigir uma maior participação no governo e nem mesmo reivindicar a nomeação do vice na chapa de Lula à reeleição em 2006 – sonho de alguns cardeais peemedebistas. A cúpula petista considera que o PMDB não tem fôlego suficiente para abandonar o governo e tentar uma carreira solo. Se os resultados positivos da política econômica prosseguirem, de acordo com os analistas do Planalto, seria difícil que o PMDB se aliasse ao PSDB. Assim, o Planalto tenta resolver os problemas com o PMDB acalmando os parlamentares por meio da liberação de verbas para projetos previstos em emendas orçamentárias e indicações para cargos de terceiro escalão nos estados. Até agora, esse remédio tem dado certo. Faz parte do pacote de problemas do governo o próprio PT. Há um sabor amargo em muitos petistas por causa de alianças regionais promovidas pela executiva do partido nas eleições. Nem mesmo o duro líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), chamado de “comissário” por alguns colegas, deve conseguir harmonizar a bancada petista sozinho. O grau de insatisfação da bancada petista não é diferente da que existe nos partidos da base aliada. Deverá ocorrer um novo jantar do presidente Lula com a bancada do PT, regado a cachaça e viola, para acalmar os ânimos. Já um líder de um outro partido da base aliada, conhecido pela série de problemas que já causou ao governo ao criticar a política econômica do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, está convencido de que a “inércia” do Congresso interessa ao Palácio do Planalto. |
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