Reportagem do jornal O Globo deste sábado afirma que o governo, seus líderes no Congresso e o próprio ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, tentarão evitar novo depoimento dele sobre a violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa, desta vez no Senado. Segundo matéria assinada por Gerson Camarotti, a avaliação é que a oposição quer usar o episódio para sangrar a imagem do governo e a do presidente Lula, enquanto puder. Mas com o argumento de que é preciso racionalidade, os governistas vão tentar negociar com a oposição.
PSDB e PFL querem aguardar novo depoimento do ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso, na CPI dos Bingos, para depois tentar juntar nova munição contra Bastos. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), atacou a iniciativa. Para ele, Bastos deixou claro no depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara que não ajudou a montar a defesa do ex-ministro Antonio Palocci, acusado pela Polícia Federal de ser o mandante da violação do sigilo do caseiro.
Mas líderes da oposição no Senado reafirmam a disposição de, após ouvir Mattoso, convocar novamente o ministro. Alegam que ele deixou perguntas sem respostas na Câmara e que novas dúvidas poderão surgir a partir do depoimento de Mattoso. Para o líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), o presidente Lula ficou ainda mais fragilizado depois das explicações dadas por Bastos.
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“O desbaratamento da organização criminosa que cerca Lula fragilizou ainda mais o presidente, reconhecidamente despreparado. Sem Dirceu, Palocci, Delúbio, Genoino, Waldomiro, resta ao presidente amparar-se no ministro. Lula precisa de tutela. Não distingue o que é certo do errado”, avaliou Aleluia.
A oposição vai pressionar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a colocar em votação o requerimento de convocação de Bastos, de autoria do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), tão logo a pauta de votações da Casa seja destrancada. Há três medidas provisórias obstruindo os trabalhos do Plenário.