Em meio às expectativas suscitadas com a descoberta de um novo campo de petróleo e gás da Bacia de Santos, o presidente Lula anunciou hoje (10) que o Brasil poderá construir, em conjunto com a Bolívia, um pólo gás-químico entre Corumbá (MS) e Porto Soares (Bolívia). O anuncio foi feito depois do encontro entre Lula e o presidente boliviano Evo Morales, por ocasião das reuniões da 17ª Cúpula Ibero-Americana, da qual participam 22 chefes de Estado desde quinta (8).
"Interessa ao Brasil, como maior país da América Latina, que a gente viva um clima de paz e harmonia com um país que tem uma extensão fronteiriça como tem a Bolívia com o Brasil, e que a matriz energética brasileira tenha muitas alternativas. Estou convencido de que é estrategicamente importante para o Brasil manter a melhor relação com a Bolívia", afirmou Lula, segundo a Agência Brasil, ao garantir que a descoberta da nova área petrolífera não afetará as relações comerciais entre os dois países.
Exemplo disso é a expectativa de que ambas as nações dividam projetos de industrialização e investimentos no setor energético. Acordos nesse sentido poderão ser fechados depois da viagem que Lula fará à Bolívia em meados de dezembro. "Queremos ajudar a industrializar a Bolívia, queremos que a Petrobras volte a fazer investimentos", adiantou o presidente brasileiro.
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Durante o encontro, Lula enfatizou a importância de as nações sul-americanas se unirem para promoverem o desenvolvimento energético na região – onde o Brasil, espécie de líder continental, desempenhará papel fundamental com o aprimoramento das pesquisas com o biocombustível, projeto 100% brasileiro.
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Na quinta-feira (8), quando foi descoberta a nova área petrolífera na Bacia de Santos, o presidente Lula comemorou. Afinal, isso pode representar um aumento de 50% nas reservas brasileiras de petróleo. Caso seja confirmado o potencial máximo da jazida de 8 bilhões de barris, tais reservas chegariam ao número-recorde de 24,4 bilhões.
Mas, ao invés de congratular o colega brasileiro pela descoberta do “tesouro do fundo do mar”, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, preferiu recorrer a ironias. Durante a abertura da 17ª Cúpula, Chávez chamou Lula de “magnata do petróleo”, e chegou a sugerir a criação da “Petroamazônia”.
As galhofas tanto podem ser encaradas como “brincadeiras”, como prefere acreditar o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, como podem ser vistas como ciúme injustificado – uma vez que a Venezuela detém a oitava maior reserva de petróleo do mundo (107 bilhões de barris confirmados) e é um dos maiores países exportadores do produto. (Fábio Góis)