Segundo ele, a situação de Delcídio será discutida em reunião de líderes após as informações sobre a prisão chegarem do Supremo Tribunal Federal (STF) ao Senado. “Entendemos também que esse fato, por mais grave que seja, não deve contaminar a atividade legislativa do Congresso brasileiro”, afirmou o líder petista. “Todos nós estamos sob o impacto disso que aconteceu. Pela primeira vez na história, ocorreu. Vamos analisar os fatos para ter uma posição clara, transparente e, ao mesmo tempo, dar a nação uma resposta”, completou.
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Também investigado pela Operação Lava Jato no âmbito do STF por possível envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras, Humberto não declarou quem será o novo líder do governo no Senado. “Isso é uma questão que o governo terá de resolver agora. Certamente terá alguém interinamente”, disse.
Nos bastidores, o líder do governo no Congresso, José Pimentel (CE), é apontado como aquele que assumirá provisoriamente o cargo. Quando chegou para se reunir com o grupo, ele também fez referência ao fato histórico. “É a primeira prisão da República. Com essa gravidade, precisa ser apurada”, disse.
Surpresa e perplexidade
O sentimento de perplexidade e surpresa foram recorrentemente utilizados pelos senadores para definir o clima desta manhã. Paulo Paim (PT-RS) foi o primeiro a deixar a sala onde os petistas estavam reunidos, alegando dores nas costas. “Todos ficaram perplexos e não imaginavam que isso ia acontecer. E, claro, o constrangimento é generalizado aqui na Casa”, avaliou.
Além dos senadores petistas, também estavam presentes aliados do bloco, como Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Telmário Mota (PDT-RR) e Acir Gurgaz (PDT-PR), vice-líder do governo. Ao chegar para o encontro emergencial, a senadora procurou não se manifestar “Não sei quais são os elementos (que levaram a prisão), mas imagino que seja algo muito forte.”
Da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também disse ter sido pego de surpresa com a notícia. “Fiquei surpreso. Em primeira análise, este não é o perfil que nós conhecemos do senador”, disse ele.
Quanto à futura decisão dos senadores pela manutenção ou não da prisão de Delcídio, em decorrência do foro privilegiado, Randolfe defendeu que o Senado deve analisar as provas e proceder para que “não obstrua nenhuma determinação da Justiça”. “Se o trabalho da Justiça for a manutenção da prisão, nos temos que respeitar o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República”, concluiu.
A senadora Ana Amélia (PP-RS) seguiu a mesma linha de pensamento. “Foi uma determinação de um ministro do Supremo Tribunal Federal e não há o que questionar sobre isso. Todos os ministros têm muito senso de responsabilidade, então ele deve ter razões fundamentadas para solicitar a prisão do senador. É um caso que impacto no Senado e no nosso trabalho todo. Está todo mundo perplexo”, disse ela.
Prisão
A Polícia Federal prendeu Delcídio na manhã desta quarta, em Brasília. A prisão foi autorizada pelo STF depois que o Ministério Público Federal apresentou evidências de que o senador tentou obstruir as investigações da Operação Lava Jato. O Supremo também autorizou a prisão do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, do chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, e do advogado Édson Ribeiro.
Segundo as investigações, o senador tentou impedir a delação premiada de Cerveró, oferecendo-lhe ajuda de fuga, conforme indica gravação feita pelo filho do ex-diretor da Petrobras, uma mesada de R$ 50 mil e R$ 4 milhões para o seu advogado. Em troca, Cerveró se comprometeria a não fazer acordo de delação premiada ou não envolver o senador na investigação.