Diante dos possíveis reflexos da crise financeira mundial sobre o país, o governo já começa a colocar em prática mudanças na peça orçamentária do próximo ano. Ofício encaminhado hoje (20) pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, à Comissão Mista do Orçamento (CMO), apresenta uma série de alterações nas principais metas econômicas do país.
De acordo com o documento, o governo aposta em uma redução de 0,42% da Selic (taxa básica de juros da economia), que deve passar dos atuais 13,75% para 13,33% em dezembro de 2009. Segundo os cálculos da equipe econômica, essa redução, no entanto, só deve ocorre nos três últimos meses do próximo ano. A estimativa está abaixo da primeira proposta encaminhada pelo governo em agosto, quando o valor da Selic para dezembro de 2009 era de 13,50%.
Já a variação média do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial para a medição das metas inflacionária, deve ficar em 5,19%, contrariando a previsão inicial de 4,50%. O novo valor, no entanto, está dentro dos dois pontos percentuais adotado como tolerância pelo governo.
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Dólar
Outro parâmetro revisto é a taxa de câmbio do dólar. O valor médio em 2009 deve ficar em R$ 2,04. A média inicial prevista era de R$ 1,71. Com o aprofundamento da crise mundial, a cotação da moeda americana superou ontem (19) a barreira dos R$ 2,40. O maior valor registrado desde 2006. Apesar das medidas adotadas pelo Banco Central, o dólar já teve um aumento de 34,5% no ano.
Rombo de R$15 bi
O governo também prevê um déficit no preço do barril do petróleo. Na proposta original o valor médio estimado para o próximo ano era de US$ 101,06 por barril. De acordo com a reestimativa do governo, esse valor deverá ficar em US$ 76,37 por barril. Segundo consultores do orçamento no Congresso, essa alteração vai gerar um rombo de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2009. Desse total, R$ 10 bilhões são oriundos da arrecadação de impostos sobre o petróleo e R$ 5 bilhões de royalties que deixarão de ser pagos.
O tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) também foi revisto. A previsão original indicava que o país teria um crescimento de 4,5%. Esse valor, no entanto, segundo os cálculos de Paulo Bernardo, deve ficar em 4% em 2009. (Erich Decat)