Em matéria assinada por Fábio Zanini, a Folha de S. Paulo informa hoje que o governo Lula criou 37.543 cargos públicos até fevereiro deste ano, aumentando em 7,72% o total de servidores civis da ativa. A reportagem, à qual o jornal dedicou a manchete de sua edição deste domingo (16), afirma que a elevação do quadro de pessoal representa um gasto extra de R$ 625 milhões por ano.
“É mais do que teve a Cultura para investir no ano passado (R$ 402 milhões) e praticamente o mesmo tamanho do investimento federal no programa Luz para Todos em 2005 (R$ 688 milhões), uma das vedetes da campanha de reeleição do presidente”, acrescenta o jornal.
Dos cargos criados, 2.268 são postos de confiança, de livre indicação do governo federal, e 35.275 com nomeação feita por concurso público. Alguns desses cargos ainda se encontram em fase de preenchimento.
Segundo o governo, as vagas foram criadas por três motivos: para substituir profissionais que eram terceirizados no governo Fernando Henrique; para atender às necessidades de áreas com deficiência de pessoal; ou para formar novas carreiras no serviço público federal.
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Quando Lula foi empossado, o Executivo tinha 485.741 servidores civis na ativa. Para o deputado federal José Carlos Aleluia (PFL-BA), “o governo compromete o presente e o futuro, está criando despesas vitalícias e de difícil reversão, que vão exigir uma carga tributária cada vez maior para serem sustentadas”.
O professor Francisco Vignoli, da Fundação Getulio Vargas, considera o problema mais complexo. Segundo ele, durante a administração Lula, as despesas de custeio da União subiram menos que nos municípios. “Em algumas áreas houve um nítido trabalho de reconstrução, como no Ibama, mas em outras o resultado é menos claro. Não há dados conclusivos para a área de educação, por exemplo”, disse ele à Folha.
Para Adriano Biava, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, “o PT tem uma ligação forte com o funcionalismo público e está respondendo a isso”. Mas ele diz que o governo Lula segue uma tendência universal ao reduzir a terceirização dos serviços públicos. A mesma opinião deu ao jornal Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília. “A terceirização era uma panacéia nos anos 90. No serviço público, houve um exagero”, afirmou ele.
Piscitelli criticou, no entanto, a elevação das funções de confiança. “Quando os tucanos saíram, havia 19 mil cargos de confiança. Lula, em vez de reduzi-los, aumentou, o que transforma o serviço público em uma ação entre amigos”, disse o professor.