Três dias após o primeiro turno das eleições, o presidente Lula decidiu liberar R$ 1,5 bilhão do orçamento deste ano para nove ministérios. Há 15 dias, o Ministério do Planejamento havia bloqueado R$ 1,6 bilhão. O ministro Paulo Bernardo negou qualquer influência do calendário eleitoral na decisão do governo.
Segundo ele, a medida não foi anunciada antes porque os estudos técnicos não estavam prontos. Ele destacou ainda que a maior parte dos recursos não será usada em obras. "Não tem esse medo [de que a liberação do dinheiro seja considerada eleitoreira]. As pessoas de boa-fé não farão essa leitura", disse Bernardo.
O maior volume de recursos (R$ 353,4 milhões) foi destinado para o Ministério do Desenvolvimento Social e será usado para pagar dívida com a Caixa Econômica Federal. O Ministério da Fazenda ficou com R$ 300 milhões que serão utilizados na melhoria do sistema de informática que controla arrecadação e a dívida ativa.
Com R$ 231 milhões, o Ministério dos Transportes deve usar parte do dinheiro em estados onde o presidente Lula não teve uma votação tão boa e em regiões onde a candidatura do PT depende de aliados importantes.
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Entre os estados que serão beneficiados com os recursos extras está Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país e onde Lula ganhou com uma diferença de 10,18 pontos percentuais, vantagem menor do que esperava. Minas receberá R$ 58 milhões. No Sul, onde o petista perdeu para o tucano, haverá investimentos em portos no valor de R$ 23,456 milhões.
A medida provisória assinada ontem pelo presidente também prevê investimentos de R$ 19,1 milhões na criação de um centro de combate ao crime organizado no município de São Paulo. A baixa votação de Lula entre os eleitores paulistas [36,77% contra 54,20% de Alckmin] foi decisiva para a realização do segundo turno.
Bernardo destacou que a maior parte dos gastos não será destinada a obras em estados. Segundo ele, os R$ 540 milhões que vão para os ministérios das Cidades, do Trabalho e do Desenvolvimento Social cumprem uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), que, em maio, mandou o governo quitar a dívida desses ministérios com a Caixa.