Ao todo, o PMDB ocupa no governo mais de 700 cargos, além de sete ministérios, incluindo pastas cobiçadas como a da Saúde e a dos Transportes. Segundo os líderes do partido, os peemedebistas têm até o dia 12 de abril para deixarem o governo. E são estas lacunas que o Planalto pretende preencher com partidos, até então, pouco favorecidos na Esplanada dos Ministérios.
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Nos bastidores, o PP sonha com o ministério da Saúde. Já o PR, além do Ministério dos Transportes, que comanda atualmente, quer agregar a Secretaria de Portos. O PSD já manifestou interesse no Ministério dos Esportes.
O principal homem do PT no corpo a corpo com os parlamentares será o ex-presidente Lula, tendo ele status de ministro de Estado ou não. A prioridade de Lula será a negociação com as bancadas do Norte e do Nordeste, regiões onde o petista sempre teve sólidas bases eleitorais.
O PMDB, principalmente no Senado, comemorou o fato de o desembarque do partido ter se concretizado sem maiores conflitos. O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), já se manifestou contra o impeachment, mas articulou com o vice-presidente Michel Temer para que a decisão do diretório partidário fosse por consenso.
Três dos seis ministros peemedebistas pretendem permanecer no comando de suas pastas: Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Kátia Abreu (Agricultura) e Marcelo Castro (Saúde). Os outros três, Eduardo Braga (Minas e Energia), Mauro Lopes (Aviação Civil) e Helder Barbalho (Portos) devem sair, mas pediram um prazo mais longo. Entre eles, apenas Helder não é parlamentar licenciado.
As mudanças ministeriais devem começar a entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), segundo o chefe de Gabinete da Presidência, Jacques Wagner. Com essa reorganização do ministério, a presidente espera reunir pelo menos 172 votos, que é o número necessário para barrar o processo de impeachment em tramitação na Câmara.
Verbas
Para apressar a liberação de verbas orçamentárias, incluindo projetos de interesse de deputados e senadores, o governo editou nessa terça (29) uma edição extra do Diário Oficial da União. A portaria do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, ampliou os limites de desembolso mensal para oito ministérios e para operações de empréstimo. Segundo a publicação, os gastos dos ministérios da Educação, da Defesa, dos Transportes, de Ciência e Tecnologia, da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, do Planejamento e da Advocacia-Geral da União poderão ser ampliados em R$ 1,8 bilhão.
Pelo texto, a ampliação de limites de pagamento inclui as emendas de bancadas estaduais. A liberação deste tipo de verba é um instrumento tradicional de negociação entre o Planalto e o Legislativo.