As vaias à presidenta Dilma na abertura da Copa das Confederações encerram uma semana marcada pela queda da popularidade do governo, por grandes protestos contra o aumento da passagem e contra os altos investimentos na Copa enquanto os serviços públicos do país vivem à míngua, além da intensificação das mobilizações com manifestações previstas em quase todas as capitais brasileiras.
Enquanto Dilma não conseguia esconder o seu constrangimento pelas vaias sucessivas que recebia de dentro do Mané Garrincha, do lado de fora, mais de 5 mil pessoas protestavam contra os mais de R$ 1,2 bilhão gastos pelo governo para a reforma do estádio e as frequentes remoções de milhares de famílias de suas casas em razão das obras da Copa país afora. Do lado de dentro, vaias que impediram o discurso da presidenta na abertura do evento que é um prenúncio para a Copa do Mundo de 2014. Do lado de fora, milhares nas ruas denunciando que o governo tem dinheiro para a Copa, mas não tem para a saúde e a educação.
No início da mesma semana, a presidenta Dilma foi surpreendida com a queda de 8% da sua popularidade, a primeira desde o início do seu mandato. De acordo com a pesquisa, os principais motivos para o descontentamento com o governo estão relacionados com a desaceleração da economia e a preocupação com a inflação e com o desemprego. A inflação corrói os salários, e o alto preço dos alimentos, da moradia e dos transportes piora, cada vez mais, as condições de vida dos trabalhadores.
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Não é à toa que a luta contra o aumento das passagens cresce a cada dia em São Paulo e em todo o país. Milhares de jovens e, cada vez mais, trabalhadores tomam as ruas do Brasil para dizer que não aguentam mais os aumentos sucessivos do custo do transporte de péssima qualidade. Mesmo com a repressão brutal e covarde da polícia de Geraldo Alckmin (PSDB), apoiada por Fernando Haddad (PT), as mobilizações têm crescido ainda mais em São Paulo e incorporando novas bandeiras, como a luta contra a criminalização dos protestos. No Rio de Janeiro, não tem sido diferente. Em Belo Horizonte e Brasília, as mobilizações também mobilizaram milhares de pessoas ontem. Ao longo desta semana, mais de 20 capitais brasileiras devem ser palco de protestos.
Até agora, o único pronunciamento do governo Dilma sobre as mobilizações contra o aumento das tarifas foi através do seu ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele ofereceu o reforço da Polícia Federal para o governo do estado de São Paulo conter as manifestações, além da Abin (Agência Brasileira de Informação) para monitorar o movimento.
A preocupação do governo federal, neste sentido, não é solucionar o problema do transporte no país, mas sim manter a “casa arrumada” para os olhos do mundo, voltados para o país sede da Copa de 2014.
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