Edson Sardinha |
O Ministério do Turismo atribui a lentidão na liberação de recursos para o financiamento do setor à timidez da demanda. Presa fácil da informalidade, o setor estaria vendo as chances de liberação de crédito serem reduzidas pelas garantias exigidas pelos bancos oficiais. Representantes do setor reclamam que a dificuldade de acesso ao dinheiro também atinge as grandes empresas ligadas ao turismo, como as redes hoteleira e de alimentação. No ano passado, ao divulgar as metas do Plano Nacional do Turismo, o governo também anunciou o Programa Nacional de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo. Ao todo, R$ 1,8 bilhão em linhas de crédito do Proger Turismo, dos Fundos Constitucionais, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal (CEF). Só os fundos constitucionais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste reservam R$ 720 milhões para investimento no setor, com empréstimos de até 12 anos, sem limite de valor e com juros de 6% ao ano. Leia também Os recursos federais foram reforçados este ano, quando a CEF anunciou um aporte de R$ 400 milhões em pacotes específicos para o setor. Segundo o Ministério do Turismo, o dinheiro é direcionado para os mais variados segmentos, desde os pequenos bares até os grandes grupos de hotéis. A intenção é viabilizar créditos a custos compatíveis com a realidade do setor. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), Luiz Carlos Nunes, a instabilidade econômica e o excesso de exigências feitas pelos bancos representam uma ameaça para o desenvolvimento do setor no país. “As metas são desafiadoras, mas, por enquanto, os resultados são apáticos”, disse. Na prática, porém, o setor reclama que se depara com uma realidade distinta. “Só conseguimos empréstimo quando caímos na vala comum do sistema, com juros pesadíssimos”, reclama o consultor jurídico da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), Paulo Wiedmann. O gerente de Projetos do Departamento de Finanças do Ministério do Turismo, João Rabelo, argumenta que o problema não está na burocracia nem nas condições de empréstimo, mas na reticência do empresariado. “Muitos investiram durante a euforia do Plano Real, mas, por causa da conjuntura econômica, têm receio de aderir a novos financiamentos. Nunca houve tanto recurso para o turismo, nem um estudo sobre o potencial turístico do país como agora”, disse. |
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