O Palácio do Planalto confirmou, nesta quinta-feira (27), os nomes de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e de Nelson Barbosa para o Planejamento. Eles vão substituir, respectivamente, Guido Mantega e Miriam Belchior. Apesar da confirmação, eles não assumirão as pastas imediatamente. Por enquanto, vão despachar no Palácio do Planalto dentro de uma equipe de transição. A expectativa é que a posse ocorra no próximo mês. Também foi confirmada a permanência de Alexandre Tombini no Banco Central.
Levy, Barbosa e Tombini foram confirmados em nota oficial lida pelo secretário de Comunicação do Planalto, Thomas Traumann. No documento, os atuais ocupantes das pastas da Fazenda e do Planejamento continuarão nos cargos durante a transição e a formação das novas equipes. De acordo com Traumann, a presidenta Dilma Rousseff agradeceu a participação dos dois no governo. Para ela, Mantega teve papel fundamental no enfrentamento da crise e Miriam soube conduzir com competência as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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Inicialmente, os nomes dos novos integrantes da equipe econômica seriam divulgados na última sexta-feira (21). Jornalistas que cobrem o dia a dia do Palácio do Planalto foram informados de que haveria uma coletiva para confirmar Levy e Barbosa nos cargos. No entanto, o anúncio acabou adiado pelo Planalto. Desde então, o indicado para a Fazenda começou a ser bombardeado. Intelectuais de esquerda, por exemplo, questionaram a escolha de Dilma por conta da sua filosofia ortodoxa. Petistas saíram em sua defesa, ressaltando que ele não confrontará as diretrizes dadas pela presidenta.
Engenheiro de formação, Levy fez mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV), doutorado na Universidade de Chicago e foi aluno do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Na presidência de Fernando Henrique Cardoso teve os cargos de secretário-adjunto de Política Econômica e economista-chefe do Planejamento. Quando Lula venceu as eleições de 2002, acabou escolhido por Antonio Palocci para compor a equipe econômica. No cargo de secretário do Tesouro Nacional ficou conhecido por bater de frente com outros ministros por suas convicções na área.
Na visão de Levy, é preciso acabar primeiro com a inflação para o país conseguir crescer e gerar empregos, posição oposta à da política anticíclica aplicada pelo governo atualmente, de investimentos públicos em um cenário de crise. Depois da experiência no governo federal, Levy foi secretário de Fazenda no Rio de Janeiro. De lá, saiu para trabalhar no Bradesco Asset Management, onde aprofundou sua relação com o mercado financeiro. Também teve passagens pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A escolha de Levy para a Fazenda gerou até brincadeiras na oposição. Candidato derrotado nas eleições presidenciais, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) lembrou da chamada guerra fria para comentar a indicação. “O mais adequado foi a consideração que fez meu amigo Armínio Fraga, que diz que via na indicação de Joaquim Levy algo como se um grande quadro da CIA fosse convocado para dirigir a KGB”, afirmou.
Interlocutor
Já Nelson Barbosa, a escolha para o Planejamento, estava na bolsa de apostas para assumir a Fazenda, mas acabou preterido. Respeitado entre petistas pela sua passagem no primeiro escalão do governo, também é reconhecido no mercado e no meio acadêmico. No início do mandato de Dilma, era seu principal interlocutor na área. No entanto, acabou perdendo espaço para o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Por divergências, deixou a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda e assumiu as cadeiras de professor na FGV e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nelson Barbosa, que é PhD em Economia pela New School for Social Research em Nova York, mestre e graduado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, passou pelas secretarias de Acompanhamento Econômico (2007-08) e de Política Econômica (2008-10), no Ministério da Fazenda. Foi também presidente do Conselho do Banco do Brasil (2009-13).