O caos registrado nos aeroportos no último fim de semana reacendeu o discurso da oposição de condicionar as votações no Congresso à instalação da CPI do Apagão Aéreo. Segundo a Folha de S. Paulo, até líderes da base governista já admitem, nos bastidores, que os transtornos causados pela greve dos controladores de vôo na última sexta-feira tornaram inevitável a instalação da CPI.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), aguarda decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o parecer do ministro Celso de Mello, que acolheu o recurso da oposição contra o arquivamento do pedido de CPI.
Prevendo a instalação da comissão, os partidos aliados se anteciparam ao tribunal e já começaram a selecionar eventuais indicados para compor a comissão e tentar um acordo com os oposicionistas para restringir o foco das investigações.
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A tendência é que a relatoria fique com o PMDB. Com isso, os governistas pretendem convencer a oposição de indicar um tucano moderado para a presidência. Os mais cotados, nesse caso, seriam Vanderlei Macris (SP), autor do requerimento, e Gustavo Fruet (PR).
Diagnóstico e tratamento
"A CPI pode esclarecer algum aspecto ainda por esclarecer, mas, depois de seis meses [de crise no setor], eu trabalho com a hipótese firme de que o diagnóstico já está feito e falta fazer o tratamento", justificou o petista, ontem, em entrevista à Folha. "É mais do que passada a hora de o Executivo dar conta de resolver", completou.
Chinaglia também considera a possibilidade de acatar a proposta de Fernando Gabeira (PV-RJ) de constituir um grupo de trabalho na Casa. A questão pode ser discutida hoje, quando ele participa de almoço com o comando da Aeronáutica.
De acordo com a Secretaria Geral da Mesa, o governo poderá controlar até 16 das 23 cadeiras titulares da CPI. A distribuição de vagas é feita conforme o tamanho dos blocos partidários.
Hoje (2) os líderes do DEM (ex-PFL), do PSDB e do PPS na Câmara se reúnem para formalizar uma proposta a Chinaglia. A idéia, segundo O Estado de S. Paulo, é convencer o presidente da Casa e os líderes partidários a instalarem imediatamente a CPI do Apagão Aéreo como resposta à sociedade.
O líder do DEM, Onyx Lornzoni (RS), disse ao Estadão que defenderá no encontro a proposta que a oposição volte a obstruir as votações caso Arlindo Chinaglia se negue a instalar a CPI até amanhã. (Edson Sardinha)