Prevista para hoje, a votação do relatório final da CPI do Apagão Aéreo no Senado foi adiada para amanhã (31) por falta de quorum. Apenas três senadores compareceram à reunião: o relator, Demóstenes Torres (DEM-GO), o presidente da comissão, Renato Casagrande (PSB-ES), e Mário Couto (PSDB-PA).
Inicialmente, dois senadores da base governista alegaram que não conseguiriam chegar a tempo devido a atrasos em seus vôos: o líder do PMDB na Casa, Valdir Raupp (RO), e Wellington Salgado (PMDB-MG). O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), informou que não poderia estar presente, pois tinha reunião no Palácio do Planalto no mesmo horário.
Apesar de ter dito que não chegaria a tempo para a votação, Raupp participou dos minutos finais da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), iniciada no mesmo horário da reunião da CPI.
"Não vou votar o relatório hoje porque, pela falta de quorum, isso seria até um golpe. Mas eles correram o risco de não haver qualquer postura democrática da nossa parte e de ficarem de fora do debate", disse o senador Demóstenes Torres, com relação à ausência de seus colegas.
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A nova reunião da CPI foi marcada para esta quarta-feira às 11h. Demóstenes disse estar confiante na aprovação de seu relatório. "Não sei se o governo vai fechar questão contra, mas se a bancada estiver liberada tenho certeza que será aprovado. Conversei com os senadores e é um parecer coerente, articulado e fechado, feito a várias mãos", afirmou.
O parecer do relator pede o indiciamento de 23 pessoas. Entre elas, 21 são acusadas de participação em fraudes de licitações da Infraero. As outras duas são Denise Abreu, ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e Paulo Roberto Araújo, ex-procurador-geral da Anac.
A polêmica do relatório gira em torno do pedido de indiciamento do deputado Carlos Wilson (PT-PE) que, durante três anos, foi presidente da Infraero. Carlos Wilson é apontado por Demóstenes como um dos chefes da quadrilha que fraudava licitações.
Zuanazzi
O relator da CPI do Apagão Aéreo também defendeu a saída do presidente da Anac, Milton Zuanazzi, que resiste a deixar o cargo.
"Hoje a crise aérea tem um nome e é Zuanazzi", disse. Na opinião do senador, para se acabar de vez com a crise aérea, é preciso dar mais prestígio ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, para que ele coloque o discurso do governo em prática.
"Jobim tem que conseguir recursos para reformar os aeroportos. O governo tem que sair do discurso", afirmou Demóstenes. (Soraia Costa)