Lídice disse que só aceita a empreitada se todos os partidos da aliança que elegeu Rui Costa – e, antes disso, o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner – estejam unificados em uma chapa. “A esquerda não pode concorrer dividida. Temos que encontrar um nome que unifique este setor”, ponderou Lídice. Líder estudantil na década de 1980, ela já foi vereadora da capital, entre 1982 e 1986, pelo PCdoB, e eleita a primeira mulher prefeita de Salvador, em 1992, pelo PSDB.
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Lídice não admite ser sequer pré-candidata à prefeitura da capital. Receia que sua candidatura não se torne competitiva se outros candidatos que disputam voto na mesma faixa do eleitorado sejam lançados. O PCdoB, antigo partido de Lídice, quer lançar o nome da deputada Alice Portugal como candidata em Salvador. A direção da legenda foi consultada sobre a possibilidade de Alice concorrer como vice de Lídice, mas os comunistas resistem e preferem candidatura própria, na esperança de eleger vereadores mesmo sem um bom desempenho na campanha.
Escassez
O PT não vai lançar candidato competitivo em Salvador. Faltam quadros. O partido aceita até mesmo indicar um nome como vice de Lídice, mas nada está definido. Para convencer a senadora a aceitar a empreitada, o governador Rui Costa aceitou liberar a sua secretária de Política para as Mulheres, Olivia Santana, que é do PCdoB, para que compusesse a chapa com a pessebista. Mas os comunistas não aceitaram a troca.
O governador Rui Costa concentrou parte dos investimentos do estado na capital. O objetivo dele é barrar o crescimento eleitoral de ACM Neto. Duplicou avenidas que ligam bairros populosos. Ainda na gestão do ex-governador Jaques Wagner, também do PT, o metrô foi transferido para a gestão do estado e liberou o orçamento da prefeitura, como queria o prefeito da capital, ACM Neto. Agora, com a ampliação dos trajetos, o governador vai incluir o metrô na propaganda eleitoral do seu grupo político na campanha da capital.
Neto
Bem avaliado nas pesquisas, o prefeito ACM Neto não confirma, mas seu grupo político já acertou com um leque de partidos – PMDB, PV e PP – o apoio à sua reeleição. Também realizou obras, como o calçadão da Barra, vitrine para turistas e baianos e palco de parte significativa do carnaval.
Seis secretários municipais deixaram seus cargos na semana passada para poder concorrer nas convenções partidárias ao posto de vice. O preferido de ACM Neto é o seu ex-secretário da casa Civil, João Roma. Se confirmado, Roma forma com neto uma chapa pura do DEM, dificuldade eleitoral a ser ultrapassada porque deixa de fora vários nomes de outros partidos aliados.
A vice Célia Sacramento, que desde a campanha há quatro anos tinha expectativa de concorrer novamente no mesmo cargo, deixou o PV e filiou-se ao Partido Pátria Livre, que abriga atualmente os antigos militantes do MR-8, partido comunista dissolvido na década de 1990 por falta de militância.
Com quase 2 milhões de eleitores, Salvador é a terceira cidade em número de eleitores, atrás apenas dos municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo. A disputa na capital baiana é um termômetro do poder no estado. Também é trampolim eleitoral se o prefeito for bem avaliado, como é o caso de Neto. A cidade mais negra do Brasil tem características eleitorais específicas que envolvem principalmente o carnaval.
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