A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffmann (PR), confirmou nesta segunda-feira (9) que a legenda vai transferir sua “direção política” para Curitiba, onde o ex-presidente Lula está preso desde sábado (7) e o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em primeira instância, o condenou a nove anos e seis meses de prisão – pena aumentada no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, para 12 anos e um mês. A notícia sobre a mudança foi adiantada mais cedo pela jornalista Daniela Lima, que assina a coluna Painel (Folha de S.Paulo).
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“Vamos transferir – mas é claro que não é a sede física, né? Quando a gente fala ‘a sede’, nós estamos falando da direção política do Partido dos Trabalhadores aqui para Curitiba”, declarou a senadora, reportando o que ficou decidido na Executiva Nacional do PT. Por meio de nota (íntegra abaixo), a cúpula partidária promete luta pela liberdade de Lula e anuncia para breve uma série de ações nesse sentido.
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A senadora insiste na tese de que Lula é um “preso político” e reafirma a candidatura do ex-presidente à sucessão de Michel Temer (MDB), no poder desde 12 de maio de 2016, nas eleições de outubro próximo. “Ele é nosso candidato sob qualquer circunstância. Aliás, entendemos que a liberdade de Lula é a candidatura efetiva à Presidência do Brasil. Nós vamos lutar muito pela candidatura do Lula”, garantiu a petista, evitando falar sobre as possibilidades de unificação dos partidos do campo da esquerda em torno do cacique petista, em uma aliança nacional.
“Isso é sempre consequência do processo que nós vamos construir a partir de agora. O que é importante é que as esquerdas estão unidas em defesa da democracia e da liberdade do presidente Lula. É isso o que é relevante para nós”, acrescentou Gleisi, adotada por Lula como sua porta-voz junto não só junto ao PT, internamente, mas diante da opinião pública e da imprensa.
Livre acesso
Advogada por formação, a senadora compõe o time de defensores arrolados em uma lista de pessoas que poderão visitar o ex-presidente na cadeia, que cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, em uma sala de 15 metros quadrados. Ao contrário de familiares, que poderão visitá-lo uma vez por semana, Gleisi terá, como advogada, a prerrogativa de se reunir com Lula a qualquer hora dentro das regras e horários da PF, em qualquer dia da semana.
O comando do PT está reunido para acertar os detalhes da transferência da “sede política”. Como Gleisi é curitibana e tem não só residência na capital paranaense, mas também acesso livre à cela de Lula, a mudança tem caráter estratégico, uma vez que o ex-presidente pode não ser contemplado com um habeas corpus na próximo quarta-feira (11), pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como já está em cogitação. O tribunal voltará a decidir sobre um pedido de soltura do petista e enfrentará o polêmico tema da prisão após condenação em segunda instância, caso de Lula.
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Segundo a versão online da Folha, petistas já manifestam preocupação com a possibilidade de que a maioria dos ministros do STF rejeite a tese, defendida pelo PT, de que casos como o de Lula (sem flagrante, risco de fuga etc) só admitem prisão após esgotados os recursos em todas as instâncias da Justiça. Os correligionários do ex-presidente cogitam inclusive que algum dos 11 magistrados apresente pedido de vista durante o julgamento, ou seja, peçam mais tempo para analisar o novo pedido de habeas corpus, o que deixaria Lula à espera da retomada da análise, que não tem prazo para reinício.
“Temos que estar preparados”, pondera Renato Simões, membro da Executiva Nacional do PT.
Leia a nota do PT:
LULA LIVRE! LULA PRESIDENTE!
O Partido dos Trabalhadores saúda as multidões de brasileiros e brasileiras que se mobilizaram, em São Bernardo do Campo, em centenas de cidades do país e no exterior, em defesa da liberdade do ex-presidente Lula.
Desde o último sábado, esta mobilização tem o seu centro político na cidade de Curitiba, onde está sendo realizada a Vigília Democrática pela Liberdade de Lula, nas proximidades da sede da Polícia Federal.
A prisão inconstitucional do ex-presidente Lula, sua condenação sem provas por juízes parciais, que sequer apontaram-lhe um crime, e a negativa, pela 5a. turma do STJ e pela maioria do STF, do direito de recorrer em liberdade constituem a maior violência contra uma liderança nacional desde a redemocratização.
Essa violência desperta indignação dentro e fora do país e só ressalta o fato de que Lula é o maior líder político do Brasil, reconhecido e respeitado internacionalmente.
A estatura política e pessoal de Lula agigantou-se pela maneira digna como ele cumpriu o mandado ilegal de prisão, no sindicato que é o berço de sua liderança política: de cabeça erguida, nos braços do povo, uma imagem que repercutiu ao redor do mundo.
A prisão ilegal de Lula é um desdobramento do grande golpe contra a democracia que começou com o impeachment sem crime da presidenta Dilma Rousseff , que levou à retirada de direitos dos trabalhadores, ao desmonte de empresas públicas, à entrega da soberania e do patrimônio nacional.
Lula é inocente! Lula é um preso político!
Por tudo isso, por toda sua história, Lula continua sendo nosso candidato à Presidência da República e sua candidatura será registrada no dia 15 de agosto, conforme a legislação eleitoral.
A principal tarefa do PT é lutar pela liberdade de Lula, em ações coordenadas com outros partidos políticos, movimentos sociais, frentes, organizações e personalidades de todo o Brasil e de outros países.
Caberá a direção nacional do PT fazer as articulações com outros partidos, que serão conduzidas pela presidenta Gleisi Hoffmann, designada por Lula como sua porta-voz política até que ele recupere a liberdade.
A Comissão Executiva Nacional decidiu que o comando político do partido ficará instalado em Curitiba.
O PT divulgará calendário de ações, mobilizações e resistência pela liberdade de Lula.
Não sairemos das ruas enquanto Lula não estiver em liberdade.
LULA INOCENTE!
LULA LIVRE!
LULA PRESIDENTE!
Curitiba, 9 de abril de 2018,
COMISSÃO EXECUTIVA NACIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES
Matéria atualizada às 20h30 para inclusão da nota do PT.
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