O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, recebeu para um jantar, em sua residência, políticos delatados na Operação Lava Jato. O encontro foi marcado para discutir a reforma política e, ao mesmo tempo, comemorar os 75 anos do senador José Serra (PSDB-SP), a serem completados no próximo domingo (19). O presidente Michel Temer, alvo de uma ação que pode cassar o seu mandato no tribunal presidido por Gilmar, também participou da confraternização.
Leia também
Além de Temer e Serra, estavam entre os convidados os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e José Agripino Maia (DEM-RN) – todos alvos da delação da Odebrecht e de pedidos de abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Entre outros presentes, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell e embaixadores.
Pela manhã, Gilmar já havia se reunido com Maia, Eunício e Temer no Palácio do Planalto para discutir mudanças no sistema de financiamento eleitoral. Uma das alternativas levantadas é a adoção do voto em lista fechada para as eleições proporcionais. Nesse caso, o eleitor votaria apenas no partido. Caberia às legendas definir, previamente, a ordem de classificação de seus candidatos. Para que a proposta seja aprovada, lideranças governistas discutem garantir aos atuais parlamentares as primeiras posições na lista. Na prática, a medida facilitaria a reeleição dos atuais deputados.
PublicidadeCusto de campanha
No encontro no Planalto, Gilmar Mendes sugeriu uma reunião com os deputados que discutem o tema em comissão especial na Casa, senadores e ministros do TSE para traçar caminhos diferentes dos percorridos pelo modelo vigente. O café da manhã foi marcado para o próximo dia 22.
Para Maia, o sistema atual de financiamento de campanhas eleitorais tem custo muito elevado. De acordo com o deputado, “a democracia tem que ser financiada” e, para isso, é preciso estudar as principais possibilidades de manter os auxílios aos partidos.
“Tenho defendido a lista fechada desde o ano passado. De forma objetiva: o financiamento de pessoa jurídica volta no Brasil? Não. Há cultura de financiamento de pessoa física? Não. Então, inevitavelmente, nós vamos ter que caminhar para um fundo de financiamento eleitoral público”, ressaltou.
O presidente do TSE se reuniu com o peemedebista, no Palácio do Jaburu, no último domingo (12). O encontro não foi divulgado nas agendas oficiais dos dois. O ministro nega ter conversado sobre o processo que pode cassar o presidente ou sobre a Lava Jato.
Segundo ele, a pauta foi exclusivamente a reforma política. Gilmar tem defendido cautela no julgamento do processo de Temer e Dilma, alegando que é preciso analisar as consequências políticas de uma eventual cassação do peemedebista, que chegou ao Planalto após o impeachment da titular da chapa.
Anteontem Temer indicou o advogado Francisval Dias Mendes, primo de Gilmar, para a direção da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O nome dele terá de ser aprovado pelo Senado.