Edson Sardinha
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, defendeu hoje (4) a adoção do financiamento público de campanha para coibir “as mazelas do sistema político” brasileiro. Gilmar cobrou do Congresso Nacional a aprovação de uma proposta que iniba a prática do caixa dois eleitoral. Segundo ele, é preciso introduzir no país uma “nova cultura” e intensificar a fiscalização sobre o uso do dinheiro público.
O ministro defendeu a revisão do financiamento eleitoral ao comentar as denúncias contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), acusado de comandar um esquema de pagamento de mesada a parlamentares da sua base aliada.
“Tem havido essas operações que têm revelado corrupção no mundo político e em outras áreas. Isso é um pouco preocupante quando revela as mazelas do sistema político, porque pode afetar a legitimidade do sistema e a dúvida do cidadão em relação à seriedade do processo democrático”, afirmou Gilmar, ao participar de um evento no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), em Goiânia.
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“No que diz respeito ao financiamento de campanha, temos que ser mais enfáticos no que concerne às reformas. Temos que discutir com seriedade o financiamento público de campanha”, ressaltou o ministro.
O presidente do Supremo disse que a sucessão de escândalos no Brasil ameaça a credibilidade do sistema político. “A toda hora, desde 1990, quando tivemos a crise do Collor e do PC Farias [Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Collor], o Brasil tem tido reincidências. Depois tivemos o caso do mensalão, aquela crise na Comissão do Orçamento. Há sucessivas crises nessa área”, declarou. “Isso é preocupante porque pode afetar a legitimidade do sistema político, a dúvida do cidadão em relação à seriedade do processo democrático”, afirmou.
Na última quarta-feira, o presidente do Supremo classificou como “extremamente graves” as denúncias contra o governador do DEM. Mas, segundo o magistrado, ainda é preciso aguardar o avanço nas apurações da Polícia Federal para avaliar o caso com segurança e não cometer atropelos sobre o caso no Judiciário
“Os fatos são extremamente graves, extremamente preocupantes. Vamos aguardar o curso das investigações e as medidas que certamente serão tomadas pelos setores competentes de investigação, pela polícia e pelo Ministério Publico”, disse Gilmar Mendes.