Um dos principais personagens do esquema conhecido como mensalão, João Cláudio de Carvalho Genu foi demitido ontem (28) do serviço público pela Controladoria Geral da União (CGU). Genu era agente administrativo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O ex-assessor do deputado José Janene (PP-PR) responde a uma ação penal relacionada com o mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Genu perdeu o cargo, segundo a CGU, por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. O processo que decidiu pela demissão apurou que Genu prestou consultoria remunerada a uma empresa privada. "Em assunto diretamente relacionado às atribuições regulares do cargo público", acrescenta o comunicado da CGU.
Genu confirmou a existência do mensalão, a compra de parlamentares da base do governo em troca de votos no Congresso, no dia 30 de julho de 2005. Em depoimento à Polícia Federal (PF), ele narrou suas retiradas de dinheiro das contas do empresário Marcos Valério , réu no mesmo processo no STF, acusado de ser um dos operadores do esquema.
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Os saques, segundo a versão de Genu, eram feitos a pedido de dois dirigentes do PP: os deputados Pedro Correa (PE), na época presidente da legenda, e Pedro Henry (MT). Os saques, de acordo com ele, eram repassados pela diretora financeira da agência de publicidade SMP&B, Simone Vasconcellos. O dinheiro que vinha da agência de Marcos Valério era entregue em mãos a Genu dentro da agência do Banco Rural no Brasília Shopping, em Brasília.
Agora, com a decisão da CGU, Genu fica proibido por cinco anos de retornar ao serviço público federal. A comissão no Mapa que investigou o caso confirmou a suposta culpa do funcionário, mas o resultado foi recusado pelo ministro da Agricultura à época, Roberto Rodrigues. O ex-ministro acolheu parecer de sua consultoria jurídica que sugeria extinção do processo sem julgamento do mérito. Somente depois disso, o processo foi encaminhado à CGU.
Mula
Na Controladoria, uma sindicância comprovou, segundo o governo, o enriquecimento ilícito de Genu. "Durante o processo, o acusado e seu advogado foram regularmente citados e intimados a apresentar defesa, registrando, ambos, o ciente nas citações, mas não apresentaram defesa escrita", diz a CGU. Mesmo assim, a comissão que julgava o caso designou uma defensora ativa ainda em maio de 2008. A decisão final coube ao ministro da CGU, Jorge Hage, que assinou o ato de demissão.
Genu disse à PF, em 2005, que era um "mero transportador dos recursos" e que entregava o dinheirto na tesouraria do PP, no 17.º andar do anexo 2 do Senado, agindo apenas como uma "mula". O ex-assessor do PP declarou que recebia os envelopes com o dinheiro, não conferia, punha tudo dentro da mala e entregava na tesouraria do partido. As acusações contra Genu são de formação de quadrilha e lavagem de dinheito. (Lúcio Lambranho)
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