Ricardo Ramos
Numa sala lotada por 300 jovens e com o apoio da sempre rachada bancada do PMDB no Congresso, o secretário de Governo do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, lançou-se ontem pela manhã como pré-candidato à presidência da República pelo partido. Garotinho afirmou que, se for o escolhido pelo partido, não será a terceira via aos projetos neoliberais petistas e tucanos. “Eles já tiveram a oportunidade”, declarou o ex-governador fluminense. “Agora é a nossa vez”, discursou, ovacionado pela platéia.
Garotinho disse em seu discurso que a campanha eleitoral de 2006 será “ideológica” e marcada especialmente pela discussão da política econômica brasileira: de um lado, estarão, segundo ele, “os economistas do PT e do PSDB”, com o apoio da “grande imprensa” e, do outro, as idéias nacionalistas e desenvolvimentistas do PMDB.
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Se eleito, o pré-candidato sinalizou que poderia baixar a taxa nominal de juros, que caiu hoje para 19% ao ano, e a meta de superávit primário para recuperar, o que considera a “degradação social” do país causada pelo modelo perverso.
Para Garotinho, é preciso arrumar, primeiro, a economia para depois empreender mudanças sociais. “Até o FMI (Fundo Monetário Internacional) diz que a política de juros está equivocada”, declarou. “Não queremos mais essa ditadura de sistema econômico. Queremos que os bancos sejam usados para alavancar o crédito para as pessoas”, declarou, sem, porém, expor quais planos econômicos dele.
Copiando o plano de metas de JK
Ao lado da mulher, a governadora Rosinha Matheus e do presidente do partido, deputado Michel Temer (PMDB-SP), Garotinho falou também que uma candidatura própria pode aumentar o potencial de votos de todos os peemedebistas. Fez questão de mencionar o nome da maioria dos congressistas do partido – cerca de 50 deputados da bancada de 78 e não mais que 10 dos 23 senadores – que assistiram ao lançamento da pré-candidatura. Disse que vai competir contra outros futuros concorrentes do partido com “lealdade” nas prévias, marcadas para março de 2006.
Assim como Luiz Inácio Lula da Silva, comparou-se indiretamente ao ex-presidente Juscelino Kubitschek. “JK foi chamado de populista e irresponsável”, disse Garotinho. “Os opositores da UDN o chamavam de louco”, lembrou, para emendar: “Pois bem, se hoje estamos aqui é graças à grandiosidade de Juscelino”. “De louco ele não tinha nada, é um visionário”, discursou Garotinho, ao revelar que vai se basear na “experiência de JK” para se cacifar candidato pelo partido. “Quero fazer um plano de metas para o Brasil”.
Em 37 minutos de discurso, o pré-candidato não falou, porém, um segundo sequer sobre seu plano de governo. Nem por isso, porém, deixou de criticar o governo Lula. “Quando você não sabe aonde chegar, qualquer vento é contra”, declarou. “Não há plano no governo Lula”, criticou. “Mataram as esperanças.”
Outro alvo do pré-candidato do PMDB foi o deputado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Falou durante o discurso e depois, em entrevista à imprensa, que foi perseguido pelo ex-ministro. Segundo Garotinho, Dirceu queria que ele, então filiado ao PSB, da base do governo, perdesse a legenda.
“Tudo o que um planta ele há de colher. Aquele que tentou me banir da vida pública está a poucas horas de ser banido da vida pública. O mundo dá muita volta", disse Garotinho, sobre os gritos de “Fora Dirceu”. Os 300 jovens que puxaram mais de dez 10 gritos de apoio a Garotinho vieram todos do Rio de Janeiro de ônibus, às custas do PMDB nacional.
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