O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), primeiro nome a lançar candidatura para a sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado, disse agora há pouco que já tem os votos necessários para ser eleito.
“Eu tenho a maioria dos votos, só não vou dizer quantos”, disse Garibaldi, que vai concorrer com os colegas de partido Neuto De Conto (SC), Valter Pereira (MS) e Leomar Quintanilha (TO), além de José Sarney (AP) e Pedro Simon (RS), cujos nomes ainda não foram lançados pela bancada do PMDB.
Diante da hipótese de que poderia ocorrer um movimento com o objetivo de enfraquecer sua candidatura, ele foi diplomático. “Só encontro candidatos que querem concorrer. Ninguém é candidato contra mim, e sim para tentar se eleger”, ponderou.
Garibaldi disse que tem conversado muito com seus colegas, a fim de que sua candidatura ganhe força na bancada peemedebista. “Conversei com todo mundo que estava aqui [no Senado] e que não estava. Amanhã vocês se preparem, que eu vou telefonar direto”, avisou Garibaldi, dirigindo-se ao colega Wellington Salgado (PMDB-MG).
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"Cheiro" de presidente
Percebendo a empolgação do candidato Garibaldi, Wellington Salgado tratou de fazer graça com o atual “comportamento” de seu colega. “Quando o Sarney disse que não ia concorrer, ele [Garibaldi] veio sem perfume. Hoje, ele já voltou com o perfume forte. Vocês na estão sentindo?”, disse Wellington, indagando os repórteres que conversavam, no plenário, com Garibaldi, que se limitou a soltar um tímido sorriso.
A reunião da bancada peemedebista que indicará o candidato do partido será realizada amanhã (11). A votação, em plenário, que definirá o novo presidente da Casa pode acontecer já nesta semana, caso a votação da PEC da CPMF, prevista para amanhã (11) ou quarta-feira (12), transcorra sem atropelos.
Pluralidade
O senador Osmar Dias (PDT-PR), que declarou ao Congresso em Foco ter assinado a lista de apoio à indicação de Pedro Simon para presidir o Senado, reclamou do "excesso" de candidatos lançados pelo PMDB (quatro oficialmente, e dois no campo das especulações).
"Acho que o PMDB já deveria ter se antecipado e indicado um nome, para que essa discussão não ficasse variando de um nome para outro e, dessa forma, desgastando os senadores", criticou. "Ao permitir a indicação de quatro senadores, o PMDB abriu o debate e também permitiu que a oposição indicasse um nome."
"Eu assinei a lista que indica Pedro Simon como um provável candidato. Se ele for escolhido pelo partido, acredito que ele não tenha nenhuma dificuldade em ser presidente do Senado, pela história dele, principalmente aqui dentro do Senado", disse Osmar, que desdenhou da relutância de José Sarney em concorrer ao posto.
"Eu estou aqui há mais de 12 anos, e aprendi um pouco a conhecer as pessoas. Nem sempre o que é dito é o que vale", insinuou. "Acredito que ainda haja muita disposição do José Sarney em ser o candidato do PMDB. Acredito que ele pretende ser e, se tiver o apoio da bancada, deve ser o indicado."
Recheio
Para outro candidato à presidência do Senado, a disputa ficou mais consistente depois do "movimento pro-Simon", deflagrado por Eduardo Suplicy (PT-DF) e Cristovam Buarque (PDT-DF) na semana passada. "Pedro Simon enriquece muito a disputa, porque ele é uma figura ilustre. Ela fica mais recheada, mais substanciosa", elogiou Valter Pereira (PMDB-MS).
Valter Pereira revelou que, a exemplo de Garibaldi, também tem apostado no diálogo, "principalmente com os candidatos", para conquistar votos e pôr fim ao impasse em relação à quantidade de "presidenciáveis".
"Passei o fim-de-semana conversando com os senadores, principalmente com os candidatos, no sentido de encontrar uma solução."
Outros senadores também se manifestaram sobre o assunto nesta tarde. Para Renato Casagrande (PSB-ES), a questão da "continuidade" deve ser respeitada, e que, tradicionalmente, o próximo candidato deve mesmo ser do PMDB, partido de maior bancada no Senado.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, discorda. Ele afirmou hoje à imprensa, na entrada do plenário, que, se o PMDB indicar um nome que o desagrade e à sua bancada, lançará o próprio nome na disputa. Ele disse que a questão da continuidade é "coisa do passado". (Fábio Góis)
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