Lúcio Lambranho
O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que foi relator da CPI dos Bingos do Senado, confirmou ao Congresso em Foco que foi informado pela assessoria da comissão sobre o caso. Segundo o relator, a constatação "dessa impropriedade" nas informações recebidas da Polícia Federal ocorreu quando chegaram na comissão os dados de sigilo telefônico das operadoras, "por volta de outubro de 2005".
Apesar de identificar o erro, a CPI preferiu não divulgá-lo. Também optou por não pedir explicações à PF. "Não seria criticando a Polícia Federal que recuperaríamos o tempo perdido com a informação errada. Além disso, não cabe à CPI interferir nas investigações da Polícia Federal", justificou Garibaldi.
Leia, abaixo, sua entrevista.
Era de seu conhecimento que a Polícia Federal havia atribuído a outra pessoa a propriedade do telefone celular 8111-7197 utilizado por Ademirson e Palocci?
Fui informado pela assessoria da CPI acerca dessa impropriedade nas informações recebidas da Polícia Federal quando chegaram os dados de sigilo telefônico das operadoras para a CPI, por volta de outubro de 2005. Até então nós estávamos utilizando as informações para Polícia Federal para as nossas investigações.
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Qual foi a atitude da CPI diante dessa descoberta?
Redirecionamos nossas investigações, convocamos o Sr. Ademirson Silva e o ex-ministro Antônio Palocci, bem como quebramos o sigilo de Ademirson. Essas investigações levaram à conclusão que havia uma clara triangulação entre Rogério Buratti, Ralf Barquete e Ademirson Silva nos dias cruciais da negociação com a Gtech. Em função, principalmente da análise do sigilo telefônico do número 8111-7197 e dos depoimentos de Rogério Buratti, a CPI dos Bingos propôs o indiciamento de Ademirson.
O senhor considera que a troca do proprietário do telefone 8111-7197 pela Polícia Federal foi premeditada?
É difícil dizer. O que posso afirmar é que os dados que as operadoras telefônicas mandaram para a CPI dos Bingos não deixaram nenhuma dúvida de que o telefone 8111-7197 estava em nome da Secretaria de Administração da Presidência da República desde final de 2002, época em que Ademirson trabalhava na transição do governo FHC para o governo Lula.
Por que a CPI não tomou nenhuma atitude exigindo explicações da Polícia Federal?
Entendemos que isso não traria nenhum ganho à CPI. Não seria criticando a Polícia Federal que recuperaríamos o tempo perdido com a informação errada. Além disso, não cabe à CPI interferir nas investigações da Polícia Federal. Como esse número de telefone foi seguramente o mais abordado nas sessões públicas da CPI, acredito que o delegado titular do inquérito, bem como o procurador da República que estava à frente das investigações, perceberam prontamente que havia uma informação errada no laudo técnico. Até porque seria óbvio que eles verificassem a razão de, ao contrário das investigações da CPI, suas investigações não terem chegado a Ademirson. Entendo que caberia a eles e não à CPI tomar as medidas cabíveis.