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Com o Congresso sitiado em tempos de crise, músico grava clipe comemorativo de seus 25 anos de carreira
Em 1992, quando o hoje senador Fernando Collor (PTC-AL) sofreu o primeiro impeachment do período pós-ditadura (1964-1985), o músico carioca Gabriel O Pensador verbalizou a revolta popular contra corruptos nos versos de “Tô feliz (Matei o presidente)”, um rap que vislumbrava o assassinato do “caçador de Marajás”. Gabriel tinha 18 anos, numa época em que fitas demos (a famosa k-7) eram distribuídas em emissoras de rádio. A música “bombou” (veja no final desta matéria), como hoje se diz do produto que “viraliza” na internet. Agora com 43 anos, o artista repete a façanha com nova versão da música, 25 anos depois, com o alvo da vez: o peemedebista Michel Temer, primeiro chefe de Estado brasileiro a ser denunciado no exercício do mandato, por corrupção (e a receber mais duas acusações, por organização criminosa e obstrução de Justiça).
<< Janot denuncia Temer pela segunda vez e o acusa de liderar organização criminosa; leia a íntegra
No clipe (veja abaixo) de produção caprichada, com direito a locação em uma tribo, Gabriel faz menção à música de 1992 e cita Temer nominalmente. “A criminalidade toma conta da minha mente / Achei que não teria que fazê-lo novamente / Mas tenho pesadelos recorrentes, o Temer na minha frente / E eu cantando: Tô feliz, matei o presidente / Fantasmas do passado, dos meus tempos de assassino / Quando eu matei o outro, eu era apenas um menino / Agora, palestrante, autor de livro infantil / Não fica bem matar o presidente do Brasil / Mas a vontade é grande, tá difícil segurar / Já sei, vamo pra DP, vou me entregar / Chama o delegado, por favor / Sou Gabriel O Pensador / O homem que eles amam odiar”, diz a introdução.
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Veja o clipe de “Tô feliz (Matei o presidente) 2”:
No começo do clipe, Gabriel conduz uma pequena embarcação que o leva a uma tribo indígena. No final desta cena, o roteiro revela um homem de terno e gravata em um cativeiro, amarrado, em uma referência direta ao sequestro fictício de Temer. “Anota o meu depoimento e me prende aqui dentro / Que eu não quero ir pra Brasília dar um tiro no Michel”, diz outro trecho da música, que também direciona a virulência contra parlamentares, em diálogo entre o protagonista e um policial.
“Que nada, Pensador! Vai lá e não deixa ninguém vivo / Se é contra arma de fogo, vai no estilo dos nativos / Invade a Câmara e pega os sacanas distraídos / Com veneno na zarabatana, bem no pé do ouvido / Em nome da Amazônia desmatada / Leva um arco e muitas flechas e finca uma no coração de cada”, diz o personagem.
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Na capa do single, Gabriel remete à cena introdutória do clipe, filmada com índios
No auge da ira musical, Gabriel faz menção atualizadaa malas de dinheiro e áudios clandestinos que, somados a outros elementos, expuseram as vísceras da política nos últimos meses. E fala até de foro privilegiado, instrumento que garante a autoridades e altos funcionários julgamento apenas em cortes superiores. “Áudio e vídeo divulgados, crime escancarado / Mas nem é julgado / Já tinha comprado vários deputados / Fora o foro privilegiado / Então mata o desgraçado”, vocifera o cantor.
Gabriel 25 anos
Aos 43 anos, Gabriel Contino tem oito álbuns gravados e singles que, vez ou outra, ganha o noticiário cultural. Como diz na música, Marcando os 25 anos de carreira do músico, o single em questão, com o mesmo propósito de 25 anos atrás, foi lançado na última sexta-feira (20) em plataformas digitais, simultaneamente à veiculação do clipe produzido pela Ganja Filmes.
A direção é de PH Stelzer. A nova versão é uma parceria de Gabriel com Papatinho, que assina a produção musical com coprodução do DJ Apollo 9. Os teclados são responsabilidade de Ge Fonseca.
Leia a íntegra da música:
Todo mundo bateu palma quando o copo caiu
Eu acabava de matar o presidente do Brasil
A criminalidade toma conta da minha mente
Achei que não teria que fazê-lo novamente
Mas tenho pesadelos recorrentes, o Temer na minha frente
E eu cantando: Tô feliz, matei o presidente
Fantasmas do passado, dos meus tempos de assassino
Quando eu matei o outro, eu era apenas um menino
Agora, palestrante, autor de livro infantil
Não fica bem matar o presidente do Brasil
Mas a vontade é grande, tá difícil segurar
Já sei, vamo pra DP, vou me entregar
Chama o delegado, por favor
Sou Gabriel O Pensador
O homem que eles amam odiar
Cantei FDP, Pega Ladrão, Nunca Serão
Agora Chega! Até Quando a gente vai ter que apanhar?
Porrada da esquerda e da direita
Derrubaram algumas peças, mas a mesa tá difícil de virar
Anota o meu depoimento e me prende aqui dentro
Que eu não quero ir pra Brasília dar um tiro no Michel
Aí, que maravilha! Mata mesmo esse vampiro
Mas um tiro é muito pouco, Gabriel
Mata e canta assim
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Fiquei até surpreso quando correu a notícia
E a polícia ofereceu apoio pra minha missão
Ninguém vai te prender, policial também é povo
Já matamo presidente, irmão, vai lá e faz de novo
Que é isso?! Eu sou da paz, detesto arma de fogo
Deve ter outro jeito de o Brasil virar o jogo
Que nada, Pensador! Vai lá e não deixa ninguém vivo
Se é contra arma de fogo, vai no estilo dos nativos
Invade a Câmara e pega os sacanas distraídos
Com veneno na zarabatana, bem no pé do ouvido
Em nome da Amazônia desmatada
Leva um arco e muitas flechas e finca uma no coração de cada
Cambada de demônio; demorou, manda pro inferno
Já tão todos de terno, e pro enterro vai facilitar
Envia pro capeta com as maletas de dinheiro sujo
De sangue de tantos brasileiros e vamos cantar
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Áudio e vídeo divulgados, crime escancarado
Mas nem é julgado
Já tinha comprado vários deputados
Fora o foro privilegiado
Então mata o desgraçado
Na comemoração tem a decapitação
Cabeça vira bola e a pelada vai rolar (Chuta!)
Corta a cabeça dele sem perdão
Que essa cabeça rolando vale mais do que o Neymar
(É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador
É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador)
Fácil, um tiro só, bem no olho do safado
E não me arrependo nem um pouco do que eu fiz
Tomei uma providência que me fez muito feliz
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Matei o presidente
(Matei o presidente, matei o presidente, matei o presidente)
Eu não matei nem vou matar literalmente um presidente
Mas se todos corruptos morressem de repente
Ia ser tudo diferente, ia sobrar tanto dinheiro
Que andaríamos nas ruas sem temer o tempo inteiro
Seu pai não ia ser assaltado, seu filho não ia virar ladrão
Sua mãe não ia morrer na fila do hospital
E seu primo não ia se matar no Natal
Seu professor não ia lecionar sem esperança
Você não ia querer fazer uma mudança de país?
Sua filha ia poder brincar com outras crianças
E ninguém teria que matar ninguém pra ser feliz
Hoje, estar feliz é uma ilusão
E é o povo desunido que se mata por partido
Sem razão e sem noção
Chamando políticos ridículos de mito
E às vezes nem acredito num futuro mais bonito
Quando o grito é sufocado pelo crime organizado instituído
Que censura, tortura e fatura em cima da desgraça
Mas, no fundo, ainda creio no poder da massa
Nossa voz tomando as praças, encurtando as diferenças
Recompondo essa bagaça, quero é recompensa
O Pensador é contra violência
Mas aqui a gente peca por excesso de paciência
Com o rouba, mas faz dos verdadeiros marginais
São chamados de Doutor e Vossa Excelência
Veja o rap original, que tinha Collor como alvo:
<< Temer amplia pacote de bondades a ruralistas para barrar segunda denúncia nesta semana
Todo mundo bateu palma quando o copo caiu
Eu acabava de matar o presidente do Brasil
A criminalidade toma conta da minha mente
Achei que não teria que fazê-lo novamente
Mas tenho pesadelos recorrentes, o Temer na minha frente
E eu cantando: Tô feliz, matei o presidente
Fantasmas do passado, dos meus tempos de assassino
Quando eu matei o outro, eu era apenas um menino
Agora, palestrante, autor de livro infantil
Não fica bem matar o presidente do Brasil
Mas a vontade é grande, tá difícil segurar
Já sei, vamo pra DP, vou me entregar
Chama o delegado, por favor
Sou Gabriel O Pensador
O homem que eles amam odiar
Cantei FDP, Pega Ladrão, Nunca Serão
Agora Chega! Até Quando a gente vai ter que apanhar?
Porrada da esquerda e da direita
Derrubaram algumas peças, mas a mesa tá difícil de virar
Anota o meu depoimento e me prende aqui dentro
Que eu não quero ir pra Brasília dar um tiro no Michel
Aí, que maravilha! Mata mesmo esse vampiro
Mas um tiro é muito pouco, Gabriel
Mata e canta assim
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Fiquei até surpreso quando correu a notícia
E a polícia ofereceu apoio pra minha missão
Ninguém vai te prender, policial também é povo
Já matamo presidente, irmão, vai lá e faz de novo
Que é isso?! Eu sou da paz, detesto arma de fogo
Deve ter outro jeito de o Brasil virar o jogo
Que nada, Pensador! Vai lá e não deixa ninguém vivo
Se é contra arma de fogo, vai no estilo dos nativos
Invade a Câmara e pega os sacanas distraídos
Com veneno na zarabatana, bem no pé do ouvido
Em nome da Amazônia desmatada
Leva um arco e muitas flechas e finca uma no coração de cada
Cambada de demônio; demorou, manda pro inferno
Já tão todos de terno, e pro enterro vai facilitar
Envia pro capeta com as maletas de dinheiro sujo
De sangue de tantos brasileiros e vamos cantar
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Áudio e vídeo divulgados, crime escancarado
Mas nem é julgado
Já tinha comprado vários deputados
Fora o foro privilegiado
Então mata o desgraçado
Na comemoração tem a decapitação
Cabeça vira bola e a pelada vai rolar (Chuta!)
Corta a cabeça dele sem perdão
Que essa cabeça rolando vale mais do que o Neymar
(É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador
É Pensador, é Pensador, é Gabriel O Pensador)
Fácil, um tiro só, bem no olho do safado
E não me arrependo nem um pouco do que eu fiz
Tomei uma providência que me fez muito feliz
Hoje eu tô feliz, hoje eu tô feliz
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Hoje eu tô feliz, matei o presidente
Matei o presidente, matei o presidente
Matei o presidente
(Matei o presidente, matei o presidente, matei o presidente)
Eu não matei nem vou matar literalmente um presidente
Mas se todos corruptos morressem de repente
Ia ser tudo diferente, ia sobrar tanto dinheiro
Que andaríamos nas ruas sem temer o tempo inteiro
Seu pai não ia ser assaltado, seu filho não ia virar ladrão
Sua mãe não ia morrer na fila do hospital
E seu primo não ia se matar no Natal
Seu professor não ia lecionar sem esperança
Você não ia querer fazer uma mudança de país?
Sua filha ia poder brincar com outras crianças
E ninguém teria que matar ninguém pra ser feliz
Hoje, estar feliz é uma ilusão
E é o povo desunido que se mata por partido
Sem razão e sem noção
Chamando políticos ridículos de mito
E às vezes nem acredito num futuro mais bonito
Quando o grito é sufocado pelo crime organizado instituído
Que censura, tortura e fatura em cima da desgraça
Mas, no fundo, ainda creio no poder da massa
Nossa voz tomando as praças, encurtando as diferenças
Recompondo essa bagaça, quero é recompensa
O Pensador é contra violência
Mas aqui a gente peca por excesso de paciência
Com o rouba, mas faz dos verdadeiros marginais
São chamados de Doutor e Vossa Excelência