O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) apresentou hoje documentos que comprovariam a ingerência do PSB na aprovação de projetos no Ministério da Ciência e Tecnologia. Segundo Gabeira, os técnicos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão vinculado à pasta, eram orientados a aprovar projetos mesmo que estivessem em desacordo com a legislação.
Gabeira acusa o partido de ter montado na pasta um esquema semelhante ao dos sanguessugas no Ministério da Saúde. Na Ciência e Tecnologia, a quadrilha visava ônibus do Programa de Inclusão Digital. Os projetos eram aprovados pela Finep e os equipamentos vendidos a preços superfaturados às prefeituras.
Os processos chegavam para a análise dos técnicos da Finep, conforme documentos apresentados pelo deputado, com a inscrição "encomenda vertical".
Segundo Gabeira, era uma senha para que os analistas aprovassem os projetos sem contestações. Um dos funcionários teria recebido de "presente" uma viagem para Las Vegas (EUA).
A empresa que fabricava os ônibus era a KM, com sede em Pernambuco. Conforme Gabeira, o advogado da empresa é o irmão do ex-ministro Eduardo Campos, Antonio Campos. O deputado disse que leu na internet que Campos justificou não ter ingerência sobre os negócios do irmão e ironizou. "Acho até razoável essa explicação", alfinetou.
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Com os documentos que têm, Gabeira disse que estão colhidas as provas para demonstrar que a Finep "forçou decisões técnicas". Ele afirmou que agora cabe à CPI investigar de quem partiu a ordem para aprovar projetos que se revelaram em prejuízos para os cofres públicos. Alguns ônibus comprados por prefeituras dentro do programa custaram R$ 300 mil, embora não fossem novos.
O PSB ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com um processo contra Gabeira pelas denúncias. O deputado ironizou e disse que está "muito preocupado com isso".