De olho na presidência, os dois partidos passaram a oferecer a outras legendas a possibilidade de formação de blocos partidários para a disputa da Mesa. Com a formalização das frentes partidárias, estas siglas teriam a prioridade na escolha dos cargos. São 11 em disputa, além da presidência: duas vices, quatro secretarias e quatro suplências.
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Concretizados os blocos, eles trariam dificuldades à articulação política da presidenta Dilma Rousseff na Câmara. Sem presença na Mesa Diretora, as brigas entre PT e PMDB aumentariam. Líderes acreditam que, independentemente do resultado de domingo, a segunda-feira (2) pós eleição será para aparar as arestas. Um deputado da base próximo ao Planalto comentou que “bombeiros” entrarão em cena para apaziguar as bancadas.
Durante toda a sexta-feira (30), emissários do PT e do PMDB conversaram com lideranças partidárias. Eles buscam os mesmos partidos, até agora sem posição oficial definida: PP e PR. Além destes, o PRB, que anunciou apoio ao candidato peemedebista, Eduardo Cunha (RJ), em dezembro, também é alvo de petistas. Líderes do partido estiveram em um almoço de apoio à candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na quarta-feira (28).
Os petistas reforçaram a articulação com partidos governistas na tentativa de montar um bloco. Hoje, receberam o apoio formal do PDT – que tem 19 deputados -, e ainda contam com outras bancadas que não se manifestaram. Já o PMDB está atrás especialmente de legendas da oposição. Não desistiu de convencer PSDB, PPS e PV a apoiar sua candidatura.
Emissário
PublicidadePelo lado do PMDB, o principal emissário é o deputado Paulinho da Força (SD-SP). Ele participou de reuniões com partidos da oposição hoje e ampliou a oferta. Antes, por exemplo, Cunha tinha prometido que o PSDB ficaria com a primeira vice-presidência caso desistisse de apoiar Júlio Delgado (PSB-MG). Como a cúpula do partido agiu para enquadrar os dissidentes, as promessas aumentaram.
Agora, entrou em pauta a possibilidade de formar um bloco para a eleição da Mesa com dez partidos. Neste cenário, aos tucanos caberia a primeira vice-presidência e ainda uma suplência. Como existe dentro da oposição a busca, em segundo plano, de derrotar o PT, peemedebistas têm apelado para este lado. Na estimativa do PMDB, caso consiga alcançar dez legendas, o resultado relegaria aos petistas apenas uma suplência de secretaria.
Escolhas
Mas, da mesma forma que os peemedebistas estão querendo tirar o PT da Mesa, os petistas passaram a executar plano similar. Em projeções feitas internamente, o partido precisaria angariar o apoio dos indecisos PP e PR, do PRB, hoje com Cunha, e do PEN, que já sinalizou a migração para a campanha de Chinaglia. O resultado traria até cinco cargos para o bloco partidário.
Nesta conta entra a presidência da Câmara. “Nós queremos fazer um grande bloco para assegurar a governabilidade”, disse o deputado José Guimarães (PT-CE). Nas projeções feitas por ele, se o PT conseguir a formação de um bloco com PP, PR, PRB e PEN, que se juntariam a Pros, PDT, PCdoB e PSD, seria possível assegurar quatro escolhas e ainda disputar o principal cargo da Mesa.
Na simulação feita pelo deputado, que também é vice-presidente nacional do partido, ao PMDB restaria a nona escolha na Mesa Diretora. Ou seja, o partido ficaria apenas com a suplência da Segunda Secretaria.