Mário Coelho
A Câmara Legislativa do Distrito Federal recebeu na manhã desta quarta-feira (7) a primeira inscrição para as eleições indiretas de 17 de abril. É a chapa formada por Tony Panetone e Bezerra de Ouro, do Partido dos Pães Natalícios (PPN). Com a oficialização da chapa, a crise política que atravessa o DF já tem sua versão do Macaco Tião, candidato não oficial à prefeitura do Rio de Janeiro em 1988.
A opção dos integrantes do Movimento Fora Arruda e Toda a Máfia foi realizar um protesto bem humorado contra a eleição indireta para escolher os substitutos do ex-governador José Roberto Arruda (sem partido), preso desde 11 de fevereiro, e do ex-vice Paulo Octávio, que renunciou ao cargo em 24 de fevereiro. Tudo, neste caso, é galhofa. Desde o número do partido (171) até a proposta de campanha: “Para continuar roubando”.
“Diante de um quadro tão patético, nada mais sério que lançar um panetone e uma bezerra ao governo nessas eleições indiretas”, disse o movimento em carta distribuída na Câmara na manhã de hoje. Os personagens escolhidos para representar os candidatos remetem a dois dos principais símbolos de escândalos recentes na capital do país. Arruda disse que o dinheiro recebido de propina era usado para a compra de panetones.
Já o ex-governador Joaquim Roriz foi obrigado a renunciar ao mandato de senador após ser acusado de quebra de decoro depois da divulgação de conversas telefônicas que o mostraram negociando a partilha de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Tarcísio Franklin de Moura. Roriz se justificou na época dizendo que pediu um empréstimo de R$ 300 mil ao empresário Nenê Constantino, presidente do conselho de administração da Gol Linhas Aéreas. O dinheiro, de acordo com o ex-governador, foi usado para comprar uma bezerra.
O Macaco Tião, chimpanzé do Zoológico do Rio Janeiro que era bastante querido pelas crianças e outros frequentadores do zôo, tornou-se uma celebridade logo após a redemocratização no país. Em 1988, os humoristas do Casseta e Planeta lançaram sua candidatura não oficial para a prefeitura do Rio. Como Tião não era um candidato reconhecido pelo Tribunal Regional Eleitoral, todos os votos dados para ele foram considerados nulos.
171
Após o registro de candidatura – o CPF dos candidatos era 171.171.171 e o RG 171.171 -, estudantes vestidos de terno e gravata, com folhas de papel saindo dos bolsos representando dinheiro, saíram pelos gabinetes pedindo votos para Tony Panetone.
“Apresentamos um candidato corrupto, que combina com a atual situação do DF”, afirmou o advogado Gilson dos Santos, que representa o movimento.
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