A física Patrícia Camargo Guimarães, deportada pelas autoridades espanholas em fevereiro ao tentar fazer uma conexão entre Madri e Lisboa, relatou há pouco ter sofrido “terrorismo psicológico” e ter sido humilhada nas 50 horas em que permaneceu detida no Aeroporto de Barajas.
Patrícia participaria de um congresso internacional da área de Partículas Elementares na capital portuguesa, mas foi retida pela polícia espanhola, que alegou que ela não portava dinheiro suficiente para permanecer na Europa.
“A todo o momento você está em um lugar degradante. Fui totalmente privada de minha liberdade. Todos os objetos pessoais foram tirados de mim”, contou a física aos deputados da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, que discute os recentes casos de brasileiros que foram repatriados ao desembarcar na Espanha
A mestranda da Universidade de São Paulo (USP) disse que os espanhóis ignoraram completamente a documentação apresentada por ela, como confirmação da reserva do hotel de Lisboa, declarações dos organizadores do congresso e a carta de seu orientador em São Paulo.
Leia também
“Havia regras e horários para cumprir e pessoas gritando na minha orelha. Eu me senti totalmente humilhada e privada de meus direitos. Só fui perceber que estava presa seis horas depois de estar esperando”, reclamou. Ela também declarou que não recebeu apoio das autoridades brasileiras na capital espanhola.
A física disse que apresentaria um trabalho em nome de um grupo de pesquisadores paulistas que davam continuidade à descoberta de uma partícula feita por estudiosos do Rio de Janeiro. “A perda acadêmica é maior que a perda pessoal”, declarou
Antes de Patrícia, o diretor do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo Gradilone, afirmou que a União Européia tem realizado operações de restrição à entrada de pessoas vindas da América Latina e de países que têm muitos imigrantes ilegais na Europa.
A situação ganhou maior repercussão neste início de ano, segundo ele, com o caso da mestranda da USP e de dois outros pesquisadores do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) que foram barrados no aeroporto de Madri. (Edson Sardinha)