Mário Coelho
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve se manifestar “em breve” sobre a aplicabilidade do projeto ficha limpa para as eleições de 2010. A informação foi passada na tarde desta quinta-feira (20) pelo presidente da corte, ministro Ricardo Lewandowski. “Nós vamos analisar quais os efeitos desse projeto de lei. Há uma consulta do senador Arthur Virgílio que foi protocolada na semana passada no TSE para que nós decidamos se esse projeto vai entrar em vigor para essas eleições”, disse Lewandowski.
O site apurou que a consulta específica sobre o ficha limpa deve acontecer somente após a sanção da lei. Antes disso, os ministros não poderiam se posicionar, já que o projeto ainda não foi sancionado pelo presidente Lula e publicado no Diário Oficial da União. Segundo Lewandowski afirmou aos jornalistas, o plenário do TSE vai decidir sobre a abrangência do ficha limpa. “É uma decisão que o plenário vai tomar ainda considerando a alteração que foi feita no tempo verbal do projeto no Senado”, afirmou.
O presidente do tribunal refere-se à emenda de redação feita pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que alterou o tempo verbal dos artigos para o futuro, levando alguns a interpretarem que, com isso, a lei valeria apenas para os casos que vierem a ocorrer após a sanção presidencial. Segundo Lewandowski, além da questão do tempo verbal, há outros aspectos que precisam ser considerados para se verificar a extensão da lei. O presidente do TSE disse que é preciso decidir se a proposta é uma matéria de processo eleitoral ou se é uma norma material. Caso decidam pela primeira alternativa, será necessário respeitar o artigo 16 da Constituição Federal, que prevê o princípio da anualidade. “Se é uma norma material, porquanto afastaria o artigo 16, aí o princípio da anualidade poderia em tese entrar em vigor ainda este ano”, explicou.
Questionado sobre o teor do projeto, o ministro disse não ter opinião formada, já que não examinou a matéria aida. “Eu recebi as informações pelos jornais de hoje e sei que o tempo verbal do projeto que foi aprovado na Câmara foi alterado por uma emenda do senador Dornelles, aparentemente numa intenção para que valha daqui para frente, não retroaja essa lei. Mas esse é um aspecto que nós vamos examinar”, comentou. De acordo com Lewandowski, “se essa redação prevalecer, a matéria está sujeita a sanção ou veto presidencial. Só aqueles que forem condenados depois da promulgação da lei estarão sujeitos à lei”.
Leia também: Projeto do Senado pode ajudar condenados
Para o presidente da corte eleitoral, a aprovação da proposta representou “um avanço importante”. Ele afirmou que a aprovação do texto ocorreu em “um momento extremamente oportuno”. “Independentemente do prazo de vigência da lei, se ela vale daqui para frente ou se atinge situações passadas, os partidos políticos estão na obrigação moral de escolher os melhores candidatos em termos de antecedente, porque essa foi a manifestação praticamente unânime do Congresso Nacional, que representam a voz do povo. O projeto contou com 1,6 milhão de assinaturas”, finalizou.
Leia tudo sobre o assunto:
Demóstenes mantém texto da Câmara sobre ficha limpa
Senador tucano consulta TSE sobre ficha limpa
Padilha: governo quer pré-sal antes de ficha limpa
As pedras no caminho do projeto ficha limpa
Jucá diz que ficha limpa não é prioridade para o governo
Quem tentou desfigurar o ficha limpa
Ficha limpa poderá tramitar com urgência no Senado
Paulo Maluf poderá ser impedido de se candidatar
Câmara conclui votação do projeto ficha limpa
Llista dos deputados favoráveis ao ficha limpa
Deputados explicam fuga na votação do ficha limpa
Quem aprovou o ficha limpa: como os deputados votaram
Eles estavam lá, mas não votaram o ficha limpa
Destaques ameaçam desfigurar o projeto ficha limpa
Após tentativa de adiamento, deputados aprovam ficha limpa
Veja os deputados que votaram para adiar o ficha limpa
Ficha limpa: veja a íntegra do projeto aprovado pela Câmara
Cante o hino do ficha limpa
Uma noite memorável
Quem tem medo do projeto ficha limpa?
Campanha ficha limpa ganha força
A campanha ficha limpa, por Márlon Reis