O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso poupou de críticas a presidenta Dilma Rousseff quanto à reação da petista diante das denúncias de corrupção que põem o ministro dos Esportes, Orlando Silva, em situação delicada. Ao participar do lançamento do portal Sua Metrópole – rede social do PSDB destinada ao debate e às preparações do partido para as eleições para a Prefeitura de São Paulo –, FHC foi instado pela imprensa a comentar o assunto.
Diplomático, o cacique tucano disse ser necessário “dar tempo ao tempo” e que, em razão dos desdobramentos da crise, Dilma estaria “considerando” as condições do ministro em ser mantido no posto. Quanto à pressão de oposicionistas – e até de setores da base aliada, de olho no ministério – pela demissão de Orlando, o ex-presidente disse ser recorrente tal conduta. Ontem (sexta, 21), Dilma e Orlando se reuniram por cerca de uma hora e meia e, em entrevista coletiva concdedida no Palácio do Planalto logo após o encontro, o próprio ministro comunicou sua permanência.
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Orlando Silva permanece ministro dos Esportes
“Isso sempre foi assim. Quando sai uma denúncia, é assim. O problema é que está tendo muita denúncia [no governo Dilma]”, declarou FHC, referindo-se às movimentações no Congresso do PSDB e do DEM, principalmente, no sentido de dar holofote e voz aos delatores de Orlando Silva, notadamente o policial militar João Dias Ferreira, filiado ao PCdoB, partido do ministro. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), antecessor de Orlando no Ministério dos Esportes, também é mencionado nas denúncias como mentor de um suposto esquema de desvio de dinheiro público, por meio de convênios do programa Segundo Tempo, para abastecer os cofres do PCdoB.
Hoje (sábado, 22), diante da reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre uma suposta cobrança de propina de emissários dos Esportes em Brasília, o PPS encorpou a disposição da bancada oposicionista e anunciou o convite ao pastor David Castro, fundador da igreja batista Gera Vida, para prestar esclarecimentos aos deputados junto com João Dias. David diz que foi pressionado a pagar 10% em convênio que firmou com a pasta. Segundo o líder do partido na Câmara, Rubens Bueno (PR), o volume de denúncias e suspeitas de irregularidades em convênios Brasil afora justifica o convite.
Mas, apesar da mobilização oposicionista, FHC manteve certa distância dos acontecimentos. “Sou ex-presidente e não tenho que opinar sobre uma coisa tão desagradável, que é demitir alguém”, concluiu, com a ressalva de que há “muita denúncia” no governo petista. Participaram do lançamento do portal de internet, entre outros, os quatro pré-candidatos do PSDB à Prefeitura de São Paulo – o deputado federal Ricardo Trípoli (SP) e os secretários estaduais Andrea Matarazzo (Cultura), Bruno Covas (Meio Ambiente) e José Aníbal (Energia). Ainda não há data definida para as prévias tucanas.