Fábio Góis
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso comentou nesta sexta-feira (21) a pré-candidatura à Presidência da República da senadora Marina Silva (sem partido-AC), que deixou o PT nesta semana, provavelmente pelo PV. Classificando-a como uma “candidata séria”, o tucano acredita que ela vai encontrar dificuldades na corrida eleitoral, mas ao menos conseguirá impingir na campanha a relevância da questão ambiental.
“Não acho que seja fácil para ela ter resultados eleitorais. Mas ela vai permitir que todos os candidatos discutam com mais seriedade o aquecimento global, o desenvolvimento sustentável”, disse FHC, referindo-se inclusive aos possíveis candidatos do PSDB, os governadores José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais). As declarações foram feitas na cerimônia de abertura da primeira reunião da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, promovida pela Fundação Oswaldo Cruz, e em curso no Rio de Janeiro.
Para o cacique tucano, o fato de Marina ter entrado na corrida eleitoral representa um “avanço” para a disputa, justamente por incluir na pauta de discussões um assunto que, sem a ex-petista, provavelmente seria pouco (ou nada) explorado. “Acho que a Marina Silva é uma pessoa de valor. Mas eu já disse e vou reiterar: não acho que seja fácil para ela ter resultados eleitorais”, observou FHC.
Crise na bancada
A saída de Marina e do senador Flávio Arns (PT-PR), que ainda vai consultar o Tribunal Superior Eleitoral em respeito à fidelidade partidária, causou um racha na bancada do partido no Senado. Tudo porque os três titulares petistas no Conselho de Ética – Ideli Salvatti (SC), Delcídio Amaral (MS) e João Pedro (AM) – votaram a favor do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), na análise do recurso contra o arquivamento das ações protocoladas pela oposição no colegiado.
O mau tempo na legenda levou até o líder Aloizio Mercadante (PT-SP) a cogitar deixar a liderança – mas uma reunião e uma carta assinada pelo presidente Lula dissuadiram-no da ideia.
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A interferência do Palácio do Planalto nas questões do Senado ficou clara com a carta do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, endereçada à bancada petista no Senado – mais propriamente aos membros titulares do Conselho de Ética, cujos votos impostos salvaram Sarney da degola. A reação foi imediata: além de Arns e Mercadante, outros petistas manifestaram descontentamento com os rumos da legenda na Casa, a exemplo da própria Marina.
A hipótese mais provável é que Marina formalize filiação com o PV, sigla com a qual vem conversando nas últimas semanas (leia mais). Mas a ex-ministra do Meio Ambiente já avisou que só aceitará disputar a Presidência da República pelo PV se o partido rever sua concepção programática, e de fato priorize a questão do respeito ao meio ambiente e das políticas de desenvolvimento sustentável.
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