Mário Coelho
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta terça-feira (7), durante discurso em sessão solene no Senado pelos 15 anos de Plano Real, que governar “não é fazer PAC, é muito mais que isso”. Ele criticou a condução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado em 1997 pelo presidente Lula para alavancar o crescimento econômico.
“Quando você vê os números, é muito pequeno o que realmente foi feito”, discursou o ex-presidente, referindo-se ao percentual de execução efetiva das obras do PAC. A sessão solene, que foi requerida pelos tucanos José Aníbal (SP), líder do partido na Câmara, e Arthur Virgílio (AM), líder no Senado, contou com a presença ainda de governadores membros da legenda, como Aécio Neves (MG), Yeda Crusius (RS) e José Anchieta Júnior (RR).
Participaram ainda membros das bancadas do PSDB, DEM e PMDB. A sessão foi presidida pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), que não fez discursos e nem falou com os jornalistas ao sair da tribuna. O líder do PT na Casa, Aloizio Mercadante (SP), representou o partido de Lula na cerimônia. As poltronas do plenário estavam lotadas por parlamentares, membros dos partidos e assessores.
Para Fernando Henrique, Lula tem se concentrado em olhar a demanda para depois começar a trabalhar. Na opinião dele, é preciso “mais frugalidade e excelência”. “O mundo mudou muito. Não podemos continuar com tantos vai e vens, com dinheiro mal gasto. [Precisamos governar] sem desperdício, sem excessos”, afirmou.
Ele disse ainda que o governo precisa tomar as rédeas de dois temas em especial: meio ambiente e educação. E ponderou que deve não se pode esquecer o “futuro da nação”. “Vamos brigar nas eleições, não há como não fazer isso. Mas, antes disso, temos que nos unir para fazer o que é melhor para o país”, comentou o ex-presidente.
Crise
Antes de entrar no plenário, o tucano afirmou aos jornalistas que não iria comentar a crise no Senado. Ao ser questionado várias vezes, disse que acompanhava as recentes denúncias como cidadão e que estava “um tanto perplexo”. Entretanto, evitou fazer comentários mais aprofundados. “Em casa de enforcado não se fala em corda”, disse.
No discurso, Fernando Henrique fez referências indiretas à crise no Senado e criticou o governo federal de uma vez só. “Se todos nós concordamos com a existência de certas práticas, certas instituições, isso nos permite olhar para o futuro com confiança. Tem que haver formas de comportamento com valores”, afirmou.
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