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Deflagrada na última-quinta-feira (30), a Saqueador tentou deter Cavendish em seu apartamento, no Leblon, bairro da elite carioca, mas o empresário estava na Europa, para onde viajou em 22 de junho. As autoridades brasileiras cogitaram decretar condição de foragido ao investigado e acionar a Interpol, a polícia internacional, mas não foi necessário.
Além de Fernando Cavendish, também foram presos no âmbito da Saqueador o bicheiro Carlinhos Cachoeira – conhecido pela trama que levou à cassação, em 2012, do então senador Demóstenes Torres (DEM-GO) – e o empresário Adir Assad, a pedido do Ministério Público Federal (MPF). A ordem de prisão foi concedida pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Mas, nesta sexta-feira (1º), o desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, transformou a prisão preventiva em prisão domiciliar, decisão que será contestada pelo MPF. Eles são obrigados a usar tornozeleira eletrônica.
Em seu despacho, o desembargador determina que os acusados se afastem do comando das empresas investigadas, além de obrigá-los a comparecer em juízo a cada 15 dias no TRF da 2ª Região. Os investigados também estão proibidos de mudar de endereço ou deixar o país e de estabelecer contato com outros investigados. Passaportes devem ser levados à autoridade judicial nas próximas 24 horas.
Lavanderia
No âmbito da Operação Saqueador, o MPF ofereceu denúncia à Justiça do Rio de Janeiro contra Cavendish, Cachoeira, o empresário Adir Assad – já foi condenado na Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro e associação criminosa – e mais 20 pessoas por envolvimento no esquema de corrupção. Segundo o procurador da República Leandro Mitidieri, cerca de R$ 370 milhões foram desviados de obras públicas tocadas pela Delta e lavados por intermédio de 18 empresas de fachada forjadas por Cachoeira, Assad e Marcelo Abbud, outro preso. O dinheiro em seguida era sacado em espécie e repassado a agentes públicos, de maneira a dificultar seu rastreamento. Abbud e o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste e Distrito Federal Claudio Abreu também receberam o benefício da prisão domiciliar.
De acordo com os investigadores, entre 2007 e 2012, Delta Construções teve mais de 96% de seu faturamento proveniente de verbas públicas, uma soma de aproximadamente R$ 11 bilhões. Segundo o MPF, os operadores do esquema “lavaram” R$ 370 milhões por meio de 18 empresas de fachada – sem funcionários nem receita compatível com a despesa. Os envolvidos realizavam pagamentos a agentes públicos para manter o esquema em segredo. Boa parte da propina era depositada em dinheiro e, principalmente, em ano de eleição.
Por meio de nota, a defesa de Cavendish lembra que o empresário tem direito à prisão domiciliar e vai colaborar com a Justiça. “A decisão do magistrado reverte a prisão preventiva em prisão domiciliar até que seja comprovada ocupação regular. A defesa reitera ainda que, consciente da legalidade dos seus atos, Fernando Cavendish sempre atendeu às solicitações da autoridade policial e assim continuará a fazer no âmbito do inquérito policial”, diz o comunicado.
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