Eduardo Militão
Depois da conversa com Franzé, o ex-assessor de Sandro Mabel mais conhecido por esse apelido do que pelo seu nome verdadeiro (Francisco José Feijão de Araújo), a faxineira desempregada Márcia Flávia foi transformada em funcionária da Câmara dos Deputados, lotada no gabinete do hoje líder do PR na Casa. No papel, era ela quem recebia um salário de cerca de R$ 661, mais vale-transporte, tíquete-alimentação e R$ 1.400 do Programa de Assistência Pré-escolar (PAE).
Segundo as investigações, a quadrilha passava um cartão de conta poupança para vítimas como Márcia Flávia e ficava com o cartão e a senha da conta corrente. O dinheiro era sacado pelos golpistas que depositavam uma pequena parte dos valores na poupança.
Até agora, foram indiciadas mais de 30 pessoas em três inquéritos policiais. Os crimes apontados são de formação de quadrilha e estelionato. O prejuízo supera R$ 1 milhão, apurou o Congresso em Foco.
De vítima a acusada
A partir da descoberta do crime, o pseudo-benefício de Márcia Flávia e de outras pessoas lesadas foi cancelado, porque elas foram desligadas da folha de pagamento da Câmara. Como ela foi quatro vezes a Brasília tratar da abertura da conta corrente, a Polícia arrolou-a como acusada no processo. A faxineira desempregada vai ter que provar sua condição de vítima à Justiça Federal, para onde o processo vai ser encaminhado.
“Eu fui enganada nessa história”, diz Márcia Flávia. “Ele [Franzé] falou que estava me ajudando, mas ele me prejudicou. O juiz é que vai decidir o que vai acontecer comigo. Eu só quero a minha dignidade de volta. Se eu soubesse o que estava acontecendo, eu não tinha nem feito.”
Em 2007, o grupo tentou assediar um aposentado de 67 anos em Luziânia. Bem vestidos, mas com o crachá escondido sob o bolso da camisa, eles ofereceram benefícios sociais à família do aposentado, que tem sete filhos. Quando souberam que a filha mais nova já tinha 13 anos – superior ao limite do PAE –, disseram ter interesse apenas em ajudar o pai e a mãe.
Queriam os documentos do casal. “Eu desconfiei e não dei”, contou o aposentado, que prefere não se identificar, ao Congresso em Foco.
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