Iara Vidal*
Dia 24 de abril de 2013 foi um dia marcante para a história da moda. Dessa vez, não foi por um desfile incrível ou por uma grande inovação, mas pela tragédia causada pelo desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, que abrigava diversas confecções. Mais de mil pessoas morreram e mais de 2500 ficaram gravemente feridas.
O desastre fez com que as pessoas olhassem com mais atenção à cadeia de produção da moda, ao modelo fast fashion e às pessoas por trás das roupas que vestimos. Foi nesse contexto que o Fashion Revolution, movimento global presente em mais de 90 países, nasceu, questionando e discutindo os impactos da indústria na vida das pessoas e lutando por uma transformação no mercado fashion.O Fashion Revolution, movimento global presente em mais de 90 países
Em Brasília, o Fashion Revolution quer chamar a atenção para o PLC 105/2014. A matéria encontra-se em tramitação no Senado e está pronta para ser incluída na pauta de votação do plenário da Casa. O projeto de lei busca informar e conscientizar a população sobre a necessidade de adequação das tendências da moda e necessidades de vestuário à sustentabilidade ambiental. Altera a Lei 9.795, de 27 abril de 1999, que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental.
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A publicação inclui grandes marcas globais e um manifesto que irá disseminar a visão do movimento.
PublicidadeEm Brasília, a Fashion Revolution também promoverá atividades em várias cidades do DF, em parceria com instituições de ensino, organismos internacionais, embaixadas, entidades representativas e sociedade civil. A programação está sendo construída por uma rede de voluntários sob a minha coordenação, no papel de representante do movimento na Capital Federal.
Para marcar esses cinco anos, a campanha de 2018 traz o tema: 5 anos após Rana Plaza. A Semana Fashion Revolution é um convite à reflexão sobre a procedência de nossas roupas, para questionar e exigir transparência. Não podemos mais aceitar que os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras sejam negados, precisamos olhar para o que é prioridade: quem está por trás.
Neste tempo, os avanços foram notáveis:
– Ano passado 2,5 milhões de pessoas se envolveram com o movimento. Mais de 100 mil pessoas questionaram #whomademyclothes;
– 2.416 marcas responderam a hashtag e compartilharam informações sobre a sua cadeia produtiva. Mais de 150 grandes marcas publicaram onde são feitas suas roupas;
– Por ano, mais de 3.600 profissionais responderam #imadeyourclohes;
– Mais de 1.300 fábricas foram inspecionadas em Bangladesh desde a tragédia do Rana Plaza;
– O governo de Bangladesh aumentou em 77% o salário mínimo da área – agora são $68 por mês;
– Mais de 70 marcas se comprometeram a participar da campanha Detox do Greenpeace, que consiste em eliminar os produtos químicos prejudiciais das cadeias de produção da moda. Juntas, essas marcas representam 15% da produção têxtil global.
Dados do Brasil
– Em 2017, 225 eventos aconteceram em 37 cidades durante a Semana Fashion Revolution;
– 150 atividades aconteceram em 50 faculdades, com a participação de 31 estudantes embaixadores;
– O Brasil foi o país com o maior uso da hashtag #fashionrevolution, com 19% das menções mundiais, totalizando 4.884.
Como participar
Acesse o álbum do evento em Brasília, baixe e imprima a arte das placas, tire uma foto e poste nas suas redes sociais utilizando as hashtags oficiais: #quemfezminhasroupas #fashionrevolution.
Envie a foto para o email frwbrasilia@gmail.com informando o seu nome e o link para os perfis nas redes sociais
*Iara Vidal é representante da Fashion Revolution em Brasília (DF).