A direção geral da Câmara dos Deputados se recusa a entregar a procuradores do Ministério Público Federal a lista dos 2.266 ocupantes de cargos de natureza especial (CNEs). Ontem (17), o jornal Correio Braziliense revelou que um seleto grupo formado por 149 deputados federais e 24 ex-parlamentares empregou 600 afilhados em cargos de confiança, supostamente criados para assessorar órgãos técnicos da Câmara.
Segundo a matéria, de Fabíola Góis e Lucio Vaz, os afilhados políticos dão despesa extra de R$ 20 milhões por ano aos cofres públicos. Os salários pagos variam de R$ 1,9 mil a R$ 8,2 mil. Na folha de pagamento estão parentes de deputados, cabos eleitorais e até gente que nem vai trabalhar.
“Pedi novamente este ano quem são, o que fazem e quanto ganham os servidores ocupantes de CNEs para que possamos atualizar os dados. Fiquei surpreso com a negativa do diretor-geral (Sérgio Sampaio)”, afirmou o procurador da República no DF Paulo José Rocha Júnior.
Um assessor da mesa diretora disse a um jornal paulista que a intenção é “deixar esta legislatura acabar, em dezembro próximo, e ver o que pode ser feito a partir de março de 2007, quando a nova Câmara começa efetivamente a trabalhar”. O assessor também declarou que a presidência da Casa só vai tratar do assunto neste ano se for provocada pelo Ministério Público Federal.
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O primeiro-secretário da Câmara, o deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE), por exemplo, é o autor do maior número de nomeações: 55. Em segundo lugar aparece Ciro Nogueira (PP-PI), que apadrinhou 39, e em seguida Nílton Capixaba (PTB-RO), que nomeou 31 protegidos.O petebista é um dos parlamentares acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas.