A família do empresário Sebastião Buani – que afirmou ter pago “mensalinho” ao ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti – perdeu suas últimas concessões na Câmara. Hoje (25), as duas lanchonetes registradas em nome da sobrinha dele, Viviane Amaral Buani, amanheceram fechadas.
Os estabelecimentos, que ficavam no Anexo I e ao lado da liderança do PT, tiveram o contrato encerrado por uma série de queixas dos usuários e da direção da Casa, segundo a assessoria da Câmara. “A inspeção notou alimentos vencidos, com bolor e sem condições adequadas de armazenamento”, explicou.
Uma pesquisa com os usuários mostrou que 74,5% deles estavam insatisfeitos com a qualidade dos alimentos servidos. As lanchonetes da família Buani ainda atrasavam freqüentemente as contas de água e luz e as taxas de ocupação da área da Câmara.
A Casa estava há quatro meses sem receber a taxa de uso do espaço, segundo a assessoria. “A Câmara reiterou as reclamações várias vezes”, disse.
Por conta disso, a Casa encerrou o contrato com a empresa de Viviane Buani, suspendeu qualquer contratação com ela durante dois anos e aplicou-lhe uma multa de R$ 2.500.
“Mensalinho”
Em 2005, em meio ao escândalo do “mensalão”, suposta propina paga a deputados para votarem com o governo, uma denúncia de pagamento de suborno movimentou o Congresso.
Proprietário de um restaurante no anexo IV da Câmara, o empresário Sebastião Buani afirmou que, em 2003, entregou entre R$ 110 mil e R$ 120 mil ao então primeiro-secretário Severino Cavalcanti para manter sua concessão no anexo IV. O episódio ficou conhecido como “mensalinho”.
Por conta do desgaste, Severino, que era presidente da Câmara à época, renunciou ao mandato para não correr o risco de ser cassado. Hoje, é candidato à prefeitura de João Alfredo (PE) pelo PP.
Negócios à parte
As duas lanchonetes estão registradas em nome de Viviane Buani, mas pertencem a José Roberto, seu pai e irmão de Sebastião Buani. O Congresso em Foco ouviu de servidores da Casa que os irmãos não compartilham seus negócios.
A reportagem procurou Viviane Buani nos telefones registrados em seu nome, mas não a localizou. José Roberto e Sebastião também não foram encontrados. (Eduardo Militão)