A declaração divulgada nesta quinta-feira (31) do filho do presidente Jair Bolsonaro e líder do PSL na Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro (SP), de que se a “esquerda radicalizar” será posto em prática o regime de restrições democráticas vivenciado na ditadura militar acirrou mais os ânimos na disputa interna de seu partido.
O deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), que é o principal porta-voz de Luciano Bivar e despacha na presidência do PSL com sua autorização, declarou que a “primeira tentativa de golpe foi tentar tomar o PSL”.
O terceiro filho do presidente Jair Bolsonaro fez o comentário durante entrevista para a apresentadora Leda Nagle.
“Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual a do final dos anos 60 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando executavam-se e sequestravam-se grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, de militares. Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente via precisar ter uma resposta. E a resposta, ela pode ser via um novo AI-5, via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como aconteceu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, defendeu.
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Junto com outros 18 deputados, o filho do presidente é alvo de um pedido de suspensão da legenda e também de uma representação pedindo a destituição do comando do PSL em São Paulo e sua expulsão do partido.
Bolsonaro vive uma crise interna com PSL, partido pelo qual foi eleito presidente da República em 2018 e ainda é filiado.
PublicidadeA crise na sigla do presidente da República foi destacada pelo Congresso em Foco em setembro, quando deputados revelaram ao site que a situação dentro do partido era de racha e possível debandada.
O clima piorou no dia 8 de outubro, quando Bolsonaro disse para um seguidor esquecer da sigla. Desde então, troca de farpas estão acontecendo dos dois lados. Bolsonaro e seus aliados têm sido mais ferrenhos; do outro, o presidente do partido, Luciano Bivar, e deputados que não fazem parte da ala mais bolsonarista.
Leia a seguir declaração escrita por Bozzella:
“O filho do presidente calado é um poeta. Repudiamos qualquer tentativa de golpe. O primeiro golpe foi tentar tomar o PSL, o segundo foi usar o Palácio do Planalto para tomar a liderança do partido e agora flerta com um novo AI-5 para instaurar uma ditadura no país.
É espantoso para não falar repugnante. Nós representamos a democracia e a valorização da liberdade de expressão do cidadão brasileiro qualquer que seja a sua ideologia. É importante deixar bem claro que o deputado Eduardo Bolsonaro fala enquanto deputado, mas que eu, enquanto deputado do PSL, tenho posição completamente diferente e repudio essa declaração.
O discurso extremista é mais fácil de ser identificado pelas pessoas, o deputado sabe bem como inflamar os ânimos e busca pontos sensíveis que dividem o país para manter a chama do extremismo acesa.
Eu não entendo como um deputado federal pode sequer cogitar algo assim. Governar alicerçado em atos institucionais, cassar parlamentares, suspender direitos políticos, fechar o Congresso e ignorar as conquistas da nossa Constituição Cidadã são medidas antirrepublicanas e antidemocráticas e não vejo como isso pode ser positivo para o Brasil ou qualquer país do mundo”.