O cantor e compositor Raimundo Fagner disse se sentir apunhalado pelo senador Aécio Neves (PSDB), para quem fez diversas campanhas eleitorais, e cobrou do tucano que lhe peça desculpas pessoalmente por ter “pisado na bola”. O artista se refere às acusações de corrupção e lavagem de dinheiro contra o presidente afastado do PSDB na Operação Lava Jato.
Em entrevista à revista Veja, Fagner contou que tem uma relação de amizade com o político mineiro e que, por confiar nele desde o início de sua carreira política, sempre “emprestou” seu trabalho a Aécio.
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“Aécio não apenas me decepcionou, mas foi muito triste. Sou amigo dele e essa amizade nunca vai deixar de existir. Mas o que eu me envolvi com ele, o que eu acreditei…o que eu subi em palanque para ele, desde a campanha dele para deputado. Me envolvi em todas as suas campanhas, as pessoas acharam até estranho porque ele era um garoto e eu já era um nome consagrado. Eu emprestei muito esse trabalho para o Aécio. Para mim, foi uma punhalada. Eu não merecia isso porque emprestei o meu respeito e pisou na bola legal. Aécio me deve desculpas pessoalmente”, declarou o músico em entrevista ao repórter Sérgio Martins.
Fagner sinalizou que, após a decepção com Aécio, deve apoiar a candidatura de outro amigo, o ex-governador Ciro Gomes (PDT), à Presidência em 2018. “O Ciro está na campanha dele. É meu amigo, uma pessoa por quem tenho o maior respeito. A maneira com a qual está conduzindo sua carreira política não é a ideal, Mas estarei ao lado dele para o que precisar — inclusive para lhe dar conselho”, declarou.
Chico Buarque
Ainda na entrevista, o cantor e compositor disse que sabe diferenciar suas preferências políticas das relações de amizade. Ele afirmou que, apesar de ter postura crítica em relação ao PT, já apoiou Lula e que não é alvo de cobranças sistemáticas de petistas. Também comentou como as questões políticas causaram ruído na sua relação com Chico Buarque.
Publicidade“O Chico Buarque se chateou comigo por causa de uma crítica que fiz a ele numa entrevista, mas eu amo o Chico. E ele sabe disso. Também não questiono dele ter ido tão fundo na questão política. Isso não foi bom para ele. Um cara com a importância do Chico se meter nisso… Não se cobra essa postura dele, então não venham cobrar isso de mim”, declarou.
“Não sou marinheiro de primeira viagem, nem estou pegando o bonde andando. Se eu quero elogiar o Sérgio Moro, que me larguem. Nunca vi muito petista encher o meu saco, não. Mesmo porque já fui Lula, fiz vários shows em São Bernardo do Campo…”, afirmou.
Fagner também criticou a proliferação de programas musicais na televisão brasileira, com incentivo a músicas em inglês, e o que chamou de “joãogilbertização” da música brasileira, com músicas interpretadas, segundo ele, sem emoção.
Leia a íntegra da entrevista do cantor à revista Veja
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