Renata Camargo
Primeiro, foram os policiais militares e os bombeiros. Agora, nova ameaça de greve no primeiro dia da sessão legislativa no Congresso. Centrais sindicais e trabalhadores ameaçam entrar em greve caso o Congresso não aprove neste semestre o projeto de lei que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais. Neste primeiro dia de atividade legislativa após o recesso, cerca de mil dirigentes sindicalistas ocupam o salão verde da Câmara e prometem fazer uma vigília até amanhã (2) para pressionar os parlamentares pela aprovação do PL.
Segundo o presidente da Força Sindical e representante dos trabalhadores no Congresso, deputado Paulinho da Força (PDT-SP), o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), deve receber representantes do movimento para uma reunião na tarde de hoje. Caso não haja evolução nas negociações, os manifestantes vão continuar ocupando a Casa.
“Se não tiver votação, nós vamos para a greve. Achamos que é hora de fazer isso. O Brasil voltou a crescer e é hora dos trabalhadores reivindicarem”, disse Paulinho, concordando que a proposta tem o tom de ameaça. “Ninguém está pondo a faca no pescoço, dizendo que é 40 horas ou nada. Queremos fazer acordo. Estamos dispostos a negociar”, disse.
Além de pressionar o Congresso, os trabalhadores pretendem paralisar os serviços nas fábricas. Paulinho afirma que a greve ainda não tem data para acontecer, mas que a partir do carnaval os dirigentes sindicais começam um processo de negociações e poderão haver paralisação nas fábricas.
“Acredito que serão greves rápidas. Na medida em que a empresa para, ela tem que saber que, para voltar ao trabalho, terá que atender as reivindicações. Portanto haverá uma negociação”, disse Paulinho. “Isso tudo pode ser evitado desde que a Casa aqui vote as 40 horas semanais e resolva através da lei”.
Segundo o presidente da Força, alguns partidos também ameaçam obstruir os trabalhos na Câmara caso a proposta não seja prioridade de votação. Paulinho explica que a estratégia de obstrução deve esperar a votação das propostas do pré-sal – que também são de interesse dos trabalhadores – antes de ser radicalizada.
“Ano eleitoral é ano bom, porque o político fica mais sensível. É nesse período que a gente consegue nossos direitos. A ideia não é de obstrução total. Assim que forem votados os projetos de interesse, a gente obstrui totalmente”, avisou Paulinho da Força.
De acordo com o parlamentar, a redução da jornada de trabalho significa um aumento de 2% de gastos para as empresas. Em contrapartida, seriam criados dois milhões de novos empregos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é contrária à proposta.
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