Renata Camargo
Após encontro com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP) nesta quinta-feira (23), o deputado Fábio Faria (PMN-RN) disse que o pagamento de passagens aéreas com dinheiro público é “uma discussão coletiva”. Ao generalizar, Fábio Faria tentou retirar de si o foco da polêmica em torno da farra das passagens aéreas. Como revelou o Congresso em Foco, Fábio Faria usou sua cota para pagar viagens de sua então namorada, Adriane Galisteu, da mãe dela e de artistas contratados para participar do seu camarote no Carnatal.
“Ficou provado que esta é uma discussão coletiva”, repetiu Faria a um grupo de jornalistas, ao deixar o gabinete da presidência, na primeira entrevista que deu desde que o caso veio à tona. “Tudo já está resolvido, ultrapassado. O meu mandato é muito maior do que qualquer ex-namorada”, declarou, referindo-se à apresentadora de TV Adriane Galisteu.
Fábio Faria pagou sete passagens para a ex-namorada com a cota parlamentar. Além disso, usou os recursos da Câmara para comprar os bilhetes para os atores Samara Felippo, Kayky Brito e Sthefany Brito participarem de seu camarote no Carnaval fora de época em Natal. Tanto Galisteu quanto os artistas esclareceram que não sabiam da origem do dinheiro.
Adriane Galisteu aproveitou a estreia de seu novo programa, Toda Sexta, na Rede Bandeirantes, para tentar capitalizar o episódio, colocando em situação incômoda o seu ex-namorado.
Silêncio
Temer pediu ao corregedor da Câmara, deputado ACM Neto (DEM-BA), uma consulta jurídica específica sobre o caso do deputado Fábio Faria. Mas, de acordo com a assessoria de ACM Neto, nada foi deliberado até o momento.
Segundo a assessoria de Fábio Faria, a pedido de Temer, ele não vai mais falar sobre o assunto. “Na conversa com o presidente Temer, ele deixou claro que esse assunto é passado e que não vai mais se pronunciar sobre isso”, disse sua assessoria.
Ao sair do encontro com Temer, Fábio Faria declarou ainda que se sentiu beneficiado pela anistia concedida nesta quarta-feira (22) por Temer. Pela decisão do presidente da Câmara, os parlamentares que usaram passagens aéreas fora da atividade parlamentar não precisarão ressarcir os cofres públicos. A posição foi tomada porque “não havia regras claras” para o uso da cota de passagens.
Não é o que pensam, no entanto, vários parlamentares, para os quais o caso do deputado potiguar é mais grave, por envolver uso de recursos público para financiamento de atividades empresariais (Fábio Faria explora comercialmente o camarote Athletica).
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