José Braz Fofão *
Nestes 13 e 15 de março de 2015, que coincidiu com os 30 anos do início da Nova República, quando Tancredo Neves tomaria posse em 1985, não fosse seu trágico falecimento, milhões de brasileiros foram para as ruas das principais cidades pedindo, principalmente, o fim da corrupção.
No discurso de Tancredo Neves que foi escrito mas que não foi lido ele destacou: “”Desprovido de fortuna, o trabalhador só pode sentir como seu o patrimônio comum da nação […]. Nada tendo de seu, ou tendo muito pouco, está poupado do egoísmo dos que possuem e disposto a defender a esperança, que para ele está no crescimento do Brasil.”
É dentro desse espírito que os trabalhadores brasileiros, entre eles os metalúrgicos de Santo André e Mauá, organizados em torno do nosso Sindicato desde 1933, mantemos nossa esperança permanente para acabar de vez com a corrupção.
Nossa luta é antiga. Só para resgatar a história recente, lembramos que na campanha de Jânio Quadros à Presidência da República, em 1960, o jingle mais popular era da vassourinha para “varrer a bandalheira”. Que começava assim: “Varre, varre, varre, varre vassourinha!/Varre, varre a bandalheira!”
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Jânio ganha as eleições com sua vassourinha e renuncia sete meses depois. Assume o vice, João Goulart, que se esforça para tornar real a esperança dos trabalhadores da cidade e do campo. Aposta na reforma agrária, na inclusão econômica e social de grandes contingentes da população, na valorização do salário mínimo e é derrubado pelo golpe civil e militar de 1964.
Uma repressão política e uma censura aos meios de comunicação brutais criam o ambiente que permite que as principais empreiteiras, bancos e conglomerados industriais assumam, através de métodos corruptos, o controle do Estado brasileiro.
Tornam-se habituais, então, as concorrências dirigidas, as comissões por fora, os adendos aos contratos, as obras públicas que não terminam nunca. Que garantem o enriquecimento de grupos econômicos que inserem na máquina pública brasileira a prática sistemática da corrupção.
O câncer da corrupção se instala na máquina pública brasileira, desviando para os cofres dos grupos econômicos (empreiteiras, bancos e conglomerados industriais) os investimentos em saúde, educação e no bem-estar dos brasileiros. Impedindo que o Brasil dê o verdadeiro salto para um país de primeiro mundo.
Mas a democracia brasileira se realimenta da esperança de seu povo, que não desiste nunca, e a corrupção que surgiu nos porões da ditadura civil militar não suporta, por muito tempo, a luz das manifestações públicas, das trocas de informações e das reflexões que a tecnologia moderna nos garante.
E 30 anos depois da Nova República o vigor democrático do povo brasileiro, através dos sindicatos, dos partidos políticos, da sociedade civil organizada nas redes sociais, clama pela extirpação desse câncer econômico e social que é a corrupção.
Mais de um milhão de brasileiros vão às ruas entre os dias 13 e 15 de março. Exigem o combate imediato à corrupção, a manutenção dos direitos trabalhistas e, principalmente, a continuidade democrática.
É o momento histórico de unir nossas energias e esperanças para que o governo da presidenta Dilma Rousseff extirpe da máquina pública (como se faz com os cânceres) a corrupção, os corruptos e os corruptores.
* José Braz Fofão é presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá.
Cícero Martinha
Presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá