A comissão da Executiva Nacional do PSB reúne-se neste sábado (20), em Brasília, para formalizar o desembarque do governo do presidente Michel Temer (PMDB). A tendência entre os membros da instância máxima da legenda é obrigar que o deputado Fernando Bezerra Coelho Filho (PE) deixe o ministério de Minas e Energia, assim como todos os assessores da pasta que pertencem aos quadros do partido, bem como dos que ocupam cargos de segundo escalão em várias áreas da administração pública federal.
Partido médio no Congresso, com 35 deputados e sete senadores, o PSB tem uma ala oposicionista que já era contra as reformas trabalhista e da Presidência. Agora, ganhou força e aliados internos após a divulgação da conversa entre o presidente Temer e o empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS. Entre os indicados do PSB, também está o superintendente da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Paulo Carvalho Viana.
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“Temos que sair do governo imediatamente, exigir a renúncia do presidente e a convocação de eleições diretas. Não podemos fazer uma mudança dessas sem a anuência do povo”, disse o deputado Júlio Delgado (MG), membro da Executiva partidária. O parlamentar é apoiado pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira, que, aliás, assinou o pedido de impeachment de Temer junto com partidos de oposição.
O PSB está com um pé dentro e outro fora do governo. A contradição é exposta pela divisão das bancadas de deputados e senadores. Parlamentares como Heráclito Fortes (PI), Danilo Forte (CE), Hugo Leão (RJ), a líder Tereza Cristina (MS), além de Keiko Ota (SP) e George Hilton (MG) apoiam o governo e as reformas propostas por Temer. No entanto, a ala oposicionista – formada por Júlio Delgado (MG), Gonzaga Patriota (PE), Janete Capiberibe (AP), Bebeto (BA), Valadares Filho (SE), Adilton Sachetti (MT), entre outros – ganhou adesões e tem o apoio da executiva nacional para romper com Temer.
Entre os senadores, a oposição é maioria. Somente o senador Fernando Bezerra Coelho(PE), pai do ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, apoia o governo Temer. João Capiberibe (AP), Lídice da Mata (BA), Antônio Carlos Valadares (SE), Roberto Rocha (MA) e Romário já participam de atos contra o governo. Lúcia Vânia (GO), que segue a orientação do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), está em cima do muro.
Entre os governadores e vices a tendência também é pelo rompimento. O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, e de Pernambuco, Paulo Câmara, também defendem internamente o desembarque do partido do governo Temer.
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