Um jipe da marca Land Rover modelo 2003 e avaliado em R$ 73,5 ainda deixa muitos membros da CPI dos Correios intrigados. O carro pertence ao ex-secretário geral do PT Silvio Pereira, que em depoimento prestado ontem à comissão, não conseguiu convencer os parlamentares sobre a origem do bem. Os parlamentares desconfiam que o carro está além das possibilidades financeiras do ex-dirigente petista, que recebia cerca de R$ 12 mil do partido antes de licenciar-se do cargo.
Silvio Pereira alegou à CPI que havia financiado o veículo e já teria quitado a dívida. Mas o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) insinuou ontem, durante a fala do depoente, que o carro foi pago à vista e por outra pessoa, ao contrário do afirmado por ele. Segundo o deputado baiano, a compra teria sido feita pelo empresário César Oliveira, sócio da GDK. A empresa assinou um contrato de R$ 90 milhões com a Petrobras para reformar a plataforma P-34.
Na terça-feira, a reportagem do Jornal Nacional quis saber a origem do Land Rover a partir de registros no Departamento de Transito (Detran) e chegou até Hamilton Costa, funcionário de uma concessionária e responsável por negociar o carro pela última vez, quando foi transferido para o nome de Silvio. O vendedor afirmou ter recebido uma ligação de um homem chamado Zé Paulo, que procurava um jipe com as características do que Costa tinha disponível.
A ligação era da Bahia, mesmo estado onde fica a sede da GDK. O vendedor contou que o documento do veículo foi transferido para o nome de Silvio Pereira, logo após efetuado o depósito de R$ 73,5 mil na conta da concessionária. O Jornal Nacional tentou ligar para Zé Paulo e a ligação foi parar na GDK. A secretária informou que o procurado está de licença.
Em depoimento à comissão ontem, Silvio negou-se a dar explicações. “Todas as informações estão no meu Imposto de Renda e poderão ser analisadas pela CPI”, afirmou. Em nota, a GDK deixou claro nunca ter feito pagamento para pessoa física ou jurídica sem relações com a empresa.
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